A Figueira-da-índia em Portugal: Influência nos Ecossistemas

A figueira-da-índia foi trazida da América para a Europa durante os Descobrimentos, adaptando-se onde as condições climáticas lhe foram favoráveis, nomeadamente em Portugal. Visto que esta planta tem um elevado potencial económico a sua produção tem aumentado exponencialmente no nosso país. Contudo a sua existência acarreta consequências nos ecossistemas.(5)

A Opuntia ficus-indica, também designada por figueira-da-índia, pertence à família das cactáceas. Esta planta é um cato suculento, arbóreo, a sua altura pode oscilar entre 1,5 e 5 metros e a sua cor é verde-acinzentada. Como tal, forma uma plantação bastante densa, devido à elevada quantidade de espinhos e ao volume ocupado, assim, é necessário um compasso de plantação alargado.(1)(2)
O sistema radicular é muito superficial e ramificado desenvolvendo-se na horizontal. As suas folhas são cilíndricas, primitivas e bastante pequenas, desenvolvem-se nas aréolas dos caules que são meristemas rodeados de gloquídeos e espinhos finos, a quantidade de espinhos nas plantas pode variar.(1)(2)
A formação dos caules e as flores também têm origem nas aréolas dos caules. Os caules são carnudos e contêm uma elevada capacidade de armazenamento de água. Com o envelhecimento os cladódios da base lenhificam.(2)
Os frutos são considerados pseudobagas e correspondem à inserção das flores que podem ser amarelas ou laranja. Existem diversas variedades deste fruto, mas as laranja e roxa são as mais apreciadas no mercado.(1)(2)(3)
Tal como qualquer outra planta, a figueira-da-índia necessita de determinadas condições edafoclimáticas para se conseguir desenvolver.(1)(2)(7)(11)
Relativamente às condições edáficas, as que mais influenciam o desenvolvimento desta espécie vegetal são as caraterísticas do solo que a suporta. Assim, os solos podem ser xistosos, arenosos ou silico-argilosos. Além disso, têm de ser húmidos, profundos (60-70cm), bem drenados, arejados e com pH entre 6,5 e 8,5. Solos com camada superficial impermeável ou com teor de argila superior a 20%, não devem ser considerados apropriados, pois podem provocar a podridão das raízes. Não tendo grandes exigências nutritivas, esta espécie adapta-se a solos com fraca fertilidade e com baixa aptidão agrícola, pelo que pode ser uma excelente alternativa para rentabilizar um terreno com estas características. No entanto, para que haja boa produtividade, os teores de cálcio e de potássio devem ser altos.(1)(2)(7)(11)
Por outro lado, em termos de condições climáticas, a figueira-da-índia pode ser cultivada em zonas áridas e semiáridas, uma vez que é uma espécie muito tolerante à seca. No entanto, para uma boa produtividade a planta necessita de uma pluviosidade anual mínima de 400 mm. Para tal, em regiões onde se verifica uma grande irregularidade na distribuição das chuvas, como é o caso de Portugal, durante o verão deve assegurar-se que a cultura receba uma quantidade suficiente de água para garantir o crescimento dos frutos, sendo aconselhável o sistema de rega gota-a-gota. Em zonas com chuvas de verão não é necessária rega. Este facto é importante, visto que a carência hídrica origina uma efetiva diminuição na espessura dos caules, por perda de água, o que conduz a um decréscimo na produtividade.(2)(5)(11)
Relativamente à temperatura, pode considerar-se como ótima quando a média anual é de 16-18 °C. No período de diferenciação do fruto a temperatura deve ser de 15-25 °C. Temperaturas inferiores a 4 °C são prejudiciais à planta e durante o abrolhamento não devem ocorrer geadas. O ótimo da temperatura média noturna deve rondar os 15 °C.(2)(11)
Assim, podemos concluir que Portugal, uma vez que tem condições edafoclimáticas correspondentes às exigidas pela figueira-da-índia, apresenta grande potencial para ser um dos principais produtores europeus desta cultura, especialmente no Alentejo e no Algarve.(1) Esta iniciativa já está a ser tomada no concelho de Elvas pela empresa “OpuntiaLusa” que possui 6 hectares de plantação, que corresponde a um total de 7000 palmas.
No entanto, apesar de em Portugal ser considerada uma espécie exótica mas não invasora, é reconhecida como potencial invasor noutras regiões do Mundo e já em frequentes locais em Portugal Continental.(2)(4)(8)(10)(12)
O termo “invasora” usa-se, normalmente, para designar uma espécie naturalizada com elevada taxa de reprodução e que é capaz de colonizar áreas afastadas da zona inicial de introdução, sem necessidade de intervenção humana. Algumas plantas crescem tanto e tão rapidamente que passam a dominar os habitats, competindo e em alguns casos substituindo as espécies autóctones e alterando as características ecológicas dos ecossistemas.(2)(4)(8)(10)(12)
No caso específico da figueira-da-índia, esta forma povoamentos densos e impenetráveis devido aos seus espinhos, que impedem o desenvolvimento da vegetação nativa e o acesso dos animais. Esta propagação é possível, visto que a planta se reproduz por via seminal, produzindo um elevado número de sementes, ou vegetativamente, através de fragmentos do caule que se desprendem facilmente, enraízam e originam novas plantas. Além disso, existem outros fatores que aumentam o seu potencial invasivo, como a sua resistência a condições climáticas adversas e as suas reduzidas necessidades hídricas.(2)(4)(8)(10)(12)
No entanto, a sua presença também pode ser vantajosa quando não é considerada invasora. Do ponto de vista ecológico, a figueira-da-índia complementa-se na perfeição com o seu meio ambiente, fornecendo alimento e proteção à fauna. Portanto, as características desta planta representam um aliado do ecossistema e da biodiversidade, e podem desempenhar um papel importante no controlo da erosão dos solos e na proteção dos incêndios.(2)(4)(8)(10)(12) Do ponto de vista económico, a figueira-da-índia tem um aproveitamento quase total, podendo ser comercializada. As palmas são maioritariamente utilizadas na alimentação animal e humana, além disso, podem ser utlizadas para combater a tosse convulsa em forma de xarope. As flores quando secas podem ser utilizadas no fabrico de infusões medicinais. Os frutos estão subdivididos em três partes, nomeadamente, em polpa, semente e casca, apenas a casca (epiderme) apresenta pouco interesse, as restantes partes podem ser utilizadas na produção de inúmeros produtos em todas as épocas do ano, nomeadamente produtos alimentares e cosméticos.(1)(3)(4)(5)
Webgrafia
1-http://www.gera.com.pt/projetos-de-investimento/producao-de-figo-da-india/
2-http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/cultura_figueira_da_india.pdf
3-https://www.beneficiosnaturais.com.br/figo-da-india-beneficios-e-propriedades/
4-http://www.agronegocios.eu/noticias/a-figueira-da-india/
5-http://agriculturaemar.com/quer-investir-figo-da-india-investigadores-do-iniav-explicam-planta-negocio-livro/
6-https://pt.wikipedia.org/wiki/Opuntia_ficus-indica
7-http://www.adral.pt/pt/rrsilvestres/recursos/Paginas/Figo-da-%C3%8Dndia.aspx
8- http://invasoras.pt/wp-content/uploads/2012/10/Opuntia- ficus-indica.pdf
9-http://jornadasfigueiradaindia.ipcb.pt/1.pdf
10-http://www.superinteressante.pt/index.php/natureza/artigos/1488-invasoras-silenciosas
11-file:///C:/Users/joseeduardo/Downloads/Francisco%20_fole_mestrado.pdf
12-http://memberfiles.freewebs.com/85/97/82699785/documents/10figueira-da-india.pdf

BARÃO, Alexandra; LUCIANO, Beatriz