A Geologia do Vinho

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O património geológico compreende as ocorrências naturais de elementos da geodiversidade – geossítios – que por se tratarem de locais com minerais, rochas, fósseis, solo ou geoformas próprios nos permitem conhecer a história geomorfológica e geológica do nosso planeta. Por outro lado, os geossítios têm também valor turístico e social, dadas as vantagens que advêm do seu estudo e conhecimento, neste caso em particular na produção vinícola. Com o auxílio das novas tecnologias é agora possível avaliar mais detalhadamente as condições e características do solo, e, deste modo, rentabilizar a gestão da vinha.
É sabida a influência do clima no potencial vitícola das regiões em aspetos como a insolação, a temperatura, a precipitação, entre outros. No entanto, ainda não é unânime a preponderância do solo na qualidade do vinho.
Sinteticamente, entende-se por solo o resultado da interação do clima e dos seres vivos, em determinado tipo de rocha e espaço de tempo, e nesta perspetiva, fica implícita a interferência indireta do solo. É possível dizer que em geral o solo atua como regulador do clima através de propriedades como a granulometria e a capacidade de retenção de água; porosidade e espessura associado à capacidade de evaporação/extração de água, por exemplo.
Apesar de se poder considerar um conjunto ideal de propriedades do solo quando relacionadas com um determinado clima, não é possível generalizar e considerar um tipo de solo o adequado à produção de vinho, ainda assim, a capacidade do solo para drenar teria que ser aplicável a todos os climas.
As principais propriedades físicas do solo é que regulam o volume deste que pode ser explorado pelas raízes, sendo que está relacionado com a estrutura desse mesmo solo, afetando direta ou indiretamente aspetos físicos, químicos ou biológicos. Destes, destacam-se entre outros, a água disponível e a aeração, determinantes na sustentabilidade dos solos para vitivinicultura e no desenvolvimento da videira.

Mas quais são, afinal, as consequências práticas do solo no vinho?
O solo pode atribuir ao vinho uma característica particular: mineralidade, que não é um sabor nem um aroma, mas uma sensação mais próxima da frescura ou acidez, apesar de não ser facilmente identificável. Esta é uma característica típica dos solos de calcário, xisto e granito, e deles podem sair uvas com carácter mineral conferindo ao vinho um cariz peculiar. É de assinalar que vinhos industriais estão, certamente menos propensos a ter esta mineralidade no seu leque de qualidades.

A vitivinicultura em Portugal
Apesar de Portugal ser um país geograficamente pequeno, subsiste uma grande variedade litológica e climática, culminando em regiões vinícolas de características distintas: o vinho verde do Minho, do Dão, Portalegre (entre outros) assentes em granito; os vinhos da Bairrada e o Moscatel de Setúbal plantados em terrenos de areia; o vinho de Carcavelos e Estremoz implantados em calcário; o vinho da Madeira e do Pico (Açores) com raízes em basalto; e o típico vinho do Porto cuja raiz está plantada no xisto.

Dada a concorrência e competitividade crescente neste mercado, surge a necessidade de aliar à qualidade do vinho um carácter distintivo e original e assim sendo, é do interesse dos vitivinicultores conhecer a terra que cultivam, para que a possam potenciar apesar de hoje em dia valer mais o laboratório que a natureza, já que o enólogo transforma e dá ao vinho a cor e o sabor que ele quiser.

Referências bibliográficas
https://issuu.com/associacaoportuguesageologos/docs/apg_ageologianarota_2014_programare

https://www.google.pt/search?q=vinho+e+geologia&biw=1280&bih=699&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjM4vDa54vLAhXJbRQKHTz_D4MQ_AUIBigB#tbm=isch&q=vinho&imgrc=_

http://www.sabado.pt/gps/artes_plasticas/detalhe/galopim_de_carvalho_na_galeria_tintos_e_tintas.html

http://www.tintosetantos.com/

Cátia Almeida, Maria João Matos