A PRAGA DA LAGARTA DO PINHEIRO

O pinheiro é comercialmente muito importante para a produção de madeira, pois muitos deles são utilizados como matéria-prima para a produção da celulose, que é empregada no fabrico de papel. A praga da lagarta do pinheiro pode afetar essa indústria tornando-se um problema económico importante.

Uma praga que tem vindo a espalhar-se e a afetar grande parte do país, incluindo a nossa cidade, Elvas, é a lagarta do pinheiro. Neste trabalho pretendemos explicar o que é este insecto, o seu ciclo de vida, o seu impacto na saúde pública e algumas formas de ultrapassar este problema.
A lagarta do pinheiro, também conhecida como processionária, é um insecto que ataca os pinheiros enfraquecendo-os (1). Porém, à exceção de ataques sucessivos em árvores jovens, estes geralmente recuperam e não morrem (2).
Além disso, a lagarta do pinheiro pode originar graves problemas de saúde pública, devido à ação urticante dos pêlos, que provocam alergias aos humanos e aos animais. As reações alérgicas dão-se normalmente ao nível da pele, do globo ocular e do aparelho respiratório, podendo provocar enfraquecimento e vertigens e em situações extremas podem levar à morte (1).
Deste modo, estas lagartas possuem oito receptáculos com cerca de cem mil pêlos urticantes. É através destes pêlos que as reações alérgicas surgem. Os receptáculos das lagartas abrem-se quando estas se movem, libertando milhares dos seus pêlos. A possibilidade de intoxicação de uma pessoa ou de um animal aumenta quando entra em contacto com os pêlos, onde estes agem como agulhas, injetando substâncias tóxicas na pele ou nas mucosas. As crianças e os animais domésticos, como o cão, costumam ser os mais afetados, devido, principalmente, à sua curiosidade (1).
Como forma de prevenção e de controlo do desenvolvimento desta praga, deverá proceder-se a tratamentos preventivos e curativos, com a utilização de métodos microbiológicos, biotécnicos e mecânicos, conforme o estádio de crescimento em que as lagartas se encontram. Com estas medidas espera-se uma diminuição dos danos provocados pelas lagartas de Processionária e um controlo da disseminação desta praga (3).
O grau de desenvolvimento das lagartas está directamente relacionado com as condições climatéricas existentes. Quando o Inverno é seco e de céu descoberto, acelera o ciclo de desenvolvimento das lagartas, nesses casos em Dezembro já existem muitas lagartas no solo, quando isso só costuma acontecer no fim do Inverno (meados de Fevereiro) (3).
O ciclo biológico da processionária completa-se, geralmente, num ano, distinguindo-se duas fases: uma aérea na copa dos pinheiros e outra subterrânea, no solo. As lagartas do pinheiro passam por cinco estádios, e é a partir do 3º estádio que se tornam perigosas para a saúde pública.
Relativamente ao primeiro e segundo estádio de crescimento, estes ocorrem, normalmente, no período do Outono, em meados de Setembro e finais de Outubro. As lagartas jovens vivem em ninhos provisórios, que vão sendo abandonados até à formação de um ninho definitivo, o ninho de Inverno, onde aí vivem em colónia e se protegem das baixas temperaturas (3).
Nestes estádios os tratamentos químicos são bastante eficazes. Normalmente, são usados dois grupos de produtos, sendo estes de baixa toxicidade e inócuos para o ambiente: Diflubenzuron (inibidores do crescimento) e insecticidas microbiológicos.
Por sua vez, o terceiro ao quinto estádio ocorre, regularmente, no período de inverno. As lagartas neste estádio estão em crescimento ativo e também surgem os pêlos urticantes. O seu tratamento é mais difícil, uma vez que nesta fase a lagarta já revestiu o seu corpo de quitina (endurecimento) e os tratamentos químicos já não vão actuar tão eficazmente, sendo necessário, como meio de combate a destruição mecânica dos ninhos, onde ocorre primeiro a retirada mecânica do ninho e posterior incineração (3).
Por fim, o quinto estádio ocorre entre meados de fevereiro a fins de maio. Após atingirem o seu grau de desenvolvimento máximo, as lagartas abandonam os ninhos e em procissão descem das árvores para se enterrarem no solo, onde irão concluir a sua metamorfose, transformando-se em borboletas que emergem no verão. Nesta fase, a destruição mecânica das lagartas é o método não só mais eficaz, como o único que se pode fazer.
Na fase da borboleta, o meio de combate mais usual passa pela colocação de armadilhas com feromonas sexuais nos pinheiros para a captura dos machos. Pode-se ainda fazer o tratamento da árvore por microinjeção (a efetuar no mês de Julho) com princípios nutritivos de forma a incrementar a vitalidade e a capacidade de resposta defensiva da árvore tratada (3).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) lifestyle.sapo.pt/saude/saude-e-medicina/artigos/lagarta-do-pinheiro-que-perigos
(Consultado em 21/04/2017)
(2) icnf.pt/portal/florestas/prag-doe/resource/doc/proc/proc-florest-2015.pdf
(Consultado em 21/04/2017)
(3)cmceloricodabeira.pt/servicosmunicipais/agroflorestal/floresta/doencas/Documents/processinaria.pdf
(Consultado em 21/04/2017)

DANTAS, Francisca; PEDRAS, Raquel