A Pera Rocha (Pyrus communis L.), como foi referido anteriormente, é um produto típico da região Oeste. O rápido crescimento de pomares desta espécie, fomentado pela elevada procura quer a nível do mercado nacional, quer do internacional, está a levar a uma sobre-exploração dos recursos hídricos e dos solos da região onde o seu cultivo tem maior expressão.
Esta árvore, que tem vindo a ocupar cada vez mais área (substituindo muito das vezes zonas de floresta típica e outras culturas que lá existiam como a vinha) dos solos disponíveis no Oeste, tem contribuído para o empobrecimento dos solos, tendo em conta que a planta prefere os solos mais ácidos e devido ao seu regime intensivo de agricultura estes não têm como repor os minerais que este produto necessita. Outro aspeto de alteração dos solos é o uso de produtos químicos para pulverizar, alterando assim a composição dos solos e tendo um impacto negativo na biodiversidade.
As pulverizas, para além dos efeitos acima mencionados, irão também poluir as águas subterrâneas devido à infiltração de águas nos solos que tinham sido alterados. Por falar em água, a pera rocha é um dos maiores consumidores deste recurso, sendo responsável pelo aumento da sua escassez. Isto acaba por afetar a própria produção de pera e outros produtos mas também irá ter repercussões a nível da água disponível para consumo humano. Para além das águas subterrâneas, os cursos de água também irão ser poluídos o que mais uma vez irá ter consequências a nível da biodiversidade.
Outro problema associado ao cultivo da pera rocha é revelado com o aparecimento de novas doenças. Em 2015 surgiu um novo fungo que fez cair a produção em 50%, o ano passado houve nova queda (desta vez em 20%). Estas grandes percentagens de quebras na produção têm por base a homogeneização dos indivíduos desta espécie. Este processo tem-se verificado devido às técnicas de reprodução assexuada utilizadas pelos agricultores, com o intuito de ter um produto que possui as características que o tornam mais rentável, de uma maneira uniforme. Esta forma de reprodução faz com que não haja variabilidade genética o que faz com que este tipo de doenças se propague mais rapidamente. Normalmente, estas doenças só são resolvidas através do uso de produtos químicos que irão, mais uma vez, agravar os problemas acima mencionados. O próprio armazenamento da pera é poluente para o ambiente, pois isto é feito em arcas de atmosfera controlada (sem oxigénio) que consomem muita energia. Para além da energia, o fruto tem que ser tratado quimicamente para fazer o processo viável.
Apesar de tudo isto, estes problemas podem ter soluções (mais ou menos eficazes). A nível dos solos, para se repor os nutrientes que estas plantas tanto necessitam, poderá promover-se o cultivo de certas espécies de plantas que aumentem a quantidade de nutrientes disponíveis (como, por exemplo, os trevos). O investimento na investigação poderá ser solução para problemas como os fungos e outras doenças e para ajudar na redução de produtos químicos. Em relação à água, não há muito que possamos fazer para além do que já é feito, sendo esta um recurso não renovável. O único conselho que podemos deixar é que se aproveite ao máximo os recursos hídricos disponíveis (captação da água das chuvas), evitando a todos os custos o desperdício. De uma forma geral, o cultivo da pera rocha deve deslocar-se no sentido da agricultura biológica que pode tornar esta cultura cada vez menos poluente, mais rentável e saudável.
Em suma, estas plantações têm impactos negativos no ambiente. Estes podem vir a ser resolvidos de uma maneira que ninguém saia prejudicado. Apesar disto, a pera rocha não deixa de ser o delicioso e nutritivo fruto que distingue nacional e internacionalmente a região do Oeste.
Referências bibliográficas:
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GUIMARÃES, P. Et al (2015) Geologia 11, Areal Editores, Porto
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https://www.youtube.com/watch?v=g_MCwa3ZxxQ (18/05/2017)
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