Previsto há quase 20 anos, o encerramento da Refinaria de Matosinhos deve-se à transição global para energias mais sustentáveis e à redução da procura de combustíveis fósseis devido à pandemia da Covid-19, e, pelo que se sabe até agora, será um fecho definitivo. Para o João Pedro Fernandes, Ministro do Ambiente, “A transição energética é absolutamente necessária, e já ninguém discute, mas tem que ser justa e não pode deixar ninguém para trás”. Com isto, a responsável por este complexo, a Galp, irá concentrar a sua produção no complexo de Sines.
Apesar de estar associada a valores absolutos muito elevados comparativamente aos valores de outras refinarias europeias, está longe de ser uma das maiores refinarias. Está associada à emissão de metais pesados (Arsénio, Cádmio, Níquel e Crómio) para a atmosfera, descargas de produtos poluentes na praia do Aterro, descarga de produtos poluentes de hidrocarbonetos nas outras praias, derrame de dezenas de toneladas de crude para a marina e até incêndios. Segundo os moradores desta zona “muitas vezes é possível sentir o mau cheiro em áreas próximas da refinaria, dependente da direção do vento”.
A refinaria conta atualmente com 400 trabalhadores efetivos pelo fecho, mas sindicatos falam em mais de 1.500 trabalhadores afetados, contabilizando postos indiretos. Este processo é criticado por não apresentar um plano social com o qual se comprometeu, bem como a falta de explicação sobre o processo de descontaminação dos terrenos e o futuro daquela área. A concentração da produção de Matosinho para Sines, segundo a nota enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), refere que “permitirá uma redução de mais de 90 milhões por ano em custos fixos e investimentos e 900 mil toneladas das emissões de CO2” e que “O valor contabilístico das atividades a serem descontinuadas é de 200 milhões de euros”.
Jaime Toga, do PCP/Porto, em declarações ao Porto Canal, alerta que, esta é a única refinaria da Península Ibérica a produzir óleos, asfalto, lubrificantes e aromáticos, e que “estamos a falar de encerrar o único local da Península Ibérica onde isto é produzido, o que significa ter de importar e agravar o défice e a poluição que decorre do processo de importação”.
Neste momento estão a ser estudados vários projetos para reestruturar este complexo, entre eles transformar esta antiga refinaria de combustíveis fósseis numa refinaria de lítio, uma ““cidade-parque pós-carbono e pós-covid” ou ”, aproveitando o apoio de dinheiro alocado à famigerada “Bazuca Europeia”. A resolução de um problema ambiental está a fazer surgir um problema social, por não existir um plano claro de reconversão da Petrogal.
Fontes:
https://web3.cmvm.pt/sdi/emitentes/docs/FR77876.pdf
https://zero.ong/zero-divulga-as-10-instalacoes-com-maiores-emissoes-em-portugal/
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