Todas as semanas o governo renova os números sobre o material de proteção que compra no estrangeiro, mas quer passar a comprar mais em Portugal. Para isso, e com a economia a meio gás, dá a possibilidade a empresas nacionais de se adaptarem, sempre que possível, para que possam produzir luvas, máscaras, viseiras ou batas, mantendo empregos e ao mesmo tempo que ajudam o Serviço Nacional de Saúde.
O Ministério da Saúde e o Ministério da Economia criaram um catálogo com as orientações técnicas para a colocação no mercado destes equipamentos, garantindo as normas de segurança, que são depois validadas e fiscalizadas, pelo Infarmed e pela ASAE.
As Empresas que quiserem avançar, podem inscrever-se diretamente em “covid-19.min-saúde.pt”. Já há cerca de cem empresas a produzir. Este material é depois distribuído pelo Sistema de Saúde.
Não conseguindo ficar indiferentes, a Empresa LaserCut, sediada na freguesia de Real, em Braga, juntou-se aos portugueses solidários e ao Hospital de Braga para produzir inicialmente cem viseiras, sob a orientação da Enfermeira Diana Ribeiro do mesmo Hospital, melhorando significativamente um modelo já existente.
Esta “onda solidária”, cujo contágio foi imediato, permitiu a compra de mais stock de material, graças a donativos de amigos e familiares próximos dos responsáveis pela Empresa, e assim começou a produção, que atendeu posteriormente, para além do Hospital de Braga, Centros de Saúde, Bombeiros e até mesmo o Hospital Curry Cabral, em Lisboa.
Paralelamente, o Serviço de Anestesiologia do Hospital de Braga solicitou a colaboração da Liga de Amigos do Hospital de Braga, para angariar os fundos necessários para a compra de um videolaringoscópio, um dispositivo médico que permite colocar um tubo na traqueia dos doentes com mais problemas respiratórios, para que possam respirar com um respirador, sendo esta a medida fundamental do tratamento dos casos graves do COVID-19, refere Cristina Fontes, voluntária e também membro da Direção da referida Liga, que foi fundada em 2016.
A solidariedade da comunidade bracarense permitiu reunir verbas para a compra de dois videolaringoscópios, cujo valor estimado é de 9.870€ + IVA, por cada equipamento.
Cristina Fontes, também salientou que, no seguimento desta ação, a Liga, em associação com a Administração do Hospital, decidiu criar um Fundo Solidário destinado a ajudar a comprar equipamento sinalizado como imprescindível. “Esta iniciativa pretendeu também congregar todas as boas-vontades de pessoas que manifestaram uma enorme generosidade para colaborar connosco”, esclareceu.
As aquisições são decididas pela Administração do Hospital e feitas conforme o dinheiro disponível nesse Fundo. “As ordens de compra serão dadas por uma pessoa designada pelo Conselho de Administração do Hospital e as contas monitorizadas pela direção da Liga, sendo que a prioridade, numa primeira fase, será para a compra de ventiladores”, ressaltou.
A Liga publica na sua página do Facebook todos os movimentos do fundo (donativos e compras) numa prestação de contas transparente, frisou.
A Liga de Amigos do Hospital de Braga também gostaria de aumentar o n.º de sócios. A quota anual é de 12€ e a inscrição poderá ser realizada na página do Hospital de Braga. “A colaboração de todos permitirá à Liga continuar a ajudar”, afirmou.
Por último, Cristina Fontes, fez suas as palavras do papa Francisco “Ninguém se salva sozinho”. “Todos nós somos fundamentais na sociedade. Às vezes, um sorriso, um telefonema, uma vídeo chamada faz a diferença na vida de alguém”, sublinhou.
A pandemia do Coronavírus revelou que somos capazes de fazer mudanças importantes em tempo recorde. A entreajuda e a nossa capacidade de mobilização, mesmo com o isolamento físico imposto, pode nos ensinar que dependemos ainda mais uns dos outros. Todas estas iniciativas provam que outro vírus, muito mais benéfico para a nossa espécie, irá infectar-nos e reforçar ainda mais nossa resistência : o vírus da solidariedade e da cooperação entre todos!
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