A Transformação Da Central do Pego: Um passo para a sustentabilidade

Recentemente, foi fechada a Central Termoelétrica do Pego enquanto produtora de energia através da queima de carvão, continuando a sua produção através de gás natural e sendo a última produção através de carvão em 21/11/2021. A grande questão ainda por decidir, é quanto ao seu futuro e quanto ao método a substituir de modo a garantir a continuidade de energia para a população e a proteção do ambiente.

A única central a carvão em operação em Portugal e a mais moderna da Península Ibérica, tinha uma certificação do Sistema de Gestão Ambiental e ainda assim dava muito que falar devido às fortes emissões de gases para a atmosfera (fruto da elevada produção diária), o que aos dias de hoje é visto como algo possível de evitar e mudar por algo mais sustentável e com menos impacto no ambiente, e obviamente à necessidade da elevada exploração de um dos recursos naturais que é o carvão.

 Desde o início da sua atividade em 1993, que conta com o “Projeto Pego” que visava um progressivo melhoramento nas áreas da segurança, saúde e ambiente. Este sistema de gestão fazia parte do compromisso de proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudável aos trabalhadores, garantindo que todas as operações eram realizadas de acordo com os mais elevados padrões de proteção ambiental e segurança para a comunidade vizinha.

O projeto tinha como objetivo cada vez mais registar “zero acidentes” em todas as atividades, ao melhorar continuamente as condições de segurança no trabalho e ao atualizar os procedimentos de segurança de acordo com os riscos existentes e os requisitos legais aplicáveis. A proteção do ambiente também era uma preocupação constante na sua atividade e procuravam sempre usar e transformar os recursos naturais de forma sustentável, devolvendo os subprodutos resultantes de uma forma respeitosa para o ambiente e para a comunidade, minimizando assim o impacto ambiental.

 

Ainda assim, é importante referir que mesmo com todos os cuidados que tinham em conta, a queima do carvão acabava por criar um impacto inevitável para o ambiente na sua produção e consumo, hoje em dia, já existem hipóteses mais rentáveis e menos impactantes graças á constante evolução e avanço das tecnologias, sendo assim, que alternativa seria a melhor?

A principal ideia quanto ao futuro da central, era a sua conversão numa unidade de queima de biomassa e assim passar a produzir a energia através da biomassa florestal residual do país. Porém, alguns ambientalistas nomeadamente a conhecida associação de defesa do ambiente “ZERO”, continuaram a ver esta solução como errada e insuficiente, principalmente porque o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) “não apresentou até agora os planos de sustentabilidade das centrais de biomassa em funcionamento” (21 Outubro 2021 às 09:37-JN). Não sabendo então se pode comprometer o bem estar do ecossistema devido a uma utilização insustentável, que pode causar implicações ao nível da desflorestação, biodiversidade e impactos sociais/económicos, algo já muito presente em Portugal.

Com esta divergência de ideias, fui para o “Campo” (outras unidades no local onde trabalham ex-funcionários que foram  transferidos), enquanto JRA, saber a opinião quanto ao futuro da Central e quanto à sua antiga utilização:

“Acho inapropriado fechar a central do Pego em Portugal e de seguida abrirem duas centrais a carvão em Espanha, e irmos importar lá (em Espanha) energia que possivelmente poderá vir da produção dessas duas centrais” o que António Santos, ex funcionário da Central, acabou por achar incoerente.

“Um dos grandes setores afetados foi a empregabilidade, e espero que o novo projeto conte com várias vagas de emprego já que irá contar com um grande investimento por parte de qualquer das empresas candidatas que for selecionada”, disse Diogo Silva, quanto à empregabilidade que o funcionamento da central permite.

Quanto ao futuro da Central Termoelétrica do Pego, esta já conta com 6 propostas para atribuição do ponto de ligação à rede elétrica do Pego, por parte das empresas: Tejo Energia SA, EDPR SGPS, GreenVolt, Endesa SA, Brookfield Ltd & Bondalti SA e Voltalia SA, entre as quais tem como base o funcionamento a hidrogénio verde, queima de biomassa florestal e energias renováveis, por exemplo energia eólica. Os pontos fundamentais para a atribuição deste concurso serão principalmente a empregabilidade e o impacto ambiental deste que é o maior centro produtor nacional de energia.