De certeza que quase todos nós já observamos, depois do cair das folhas de outono, uma coisa enorme, parecida com um saco cheio ou uma bola grande, agarrada no cimo de algumas árvores. Se as primeiras causaram espanto, agora nem tanto, pois começa a ser comum a sua observação aqui e ali. São os vespeiros da vespa asiática que tanto tem dado que comentar, principalmente aos apicultores.
A vespa asiática (de nome científico: Vespa velutina) é uma vespa originária do sudoeste asiático, em alguns países (no caso do nosso) é uma espécie invasora que tem vindo a trazer uma preocupação não só ao nível dos habitantes, mas também ao nível das autoridades.
A vespa asiática é ligeiramente maior do que a abelha europeia. A rainha pode medir até 30 mm, os machos podem medir até os 24 mm e as obreiras chegam aos 20 mm. Carateriza-se pelas patas amarelas, tórax castanho ou preto e o abdómen castanho com cabeça preta e face amarela. A variedade que tem vindo a causar problemas na Europa é a vespa velutina nigrithorax.
Os seus ninhos podem conter até 2200 vespas. Destas 150 são fundadoras de novas colmeias que, no ano seguinte, poderão pelo menos criar 6 novos ninhos. A vespa asiática chegou à Europa em 2004, por via marítima. A esmagadora maioria das autoridades francesas desconfiam que elas teriam vindo de um carregamento de bonsais, provenientes da China, e descarregados em Bordéus.
Em Portugal, o primeiro ninho de vespas apareceu em Viana do Castelo, e foi descoberto por um apicultor. E em dezembro de 2012, já estavam confirmados nove ninhos no Alto Minho. Em finais de fevereiro de 2013, já havia 50 ninhos de vespas asiáticas detetados. Em 2015, o número teve um aumento significativo, chegando aos 1215 vespeiros, espalhando-se para os distritos de Braga Porto e Vila Real. Sendo que quatro eram nas imediações da escola de Moure e Ribeira do Neiva e um deles (primário) num dos choupos junto ao campo de jogos.
Mas o problema maior no meio disto tudo é que as abelhas constroem bastantes ninhos nas matas, e é por aí que vão continuando a progressão para o sul e o interior, pois os seus ninhos não são detetados.
Ao invés de Portugal e da Europa, no Oriente, as abelhas já aprenderam a defenderem-se das vespas. Quando uma vespa entra na colmeia, as abelhas começam a cercar as saídas, depois, rodeando o predador, começam a bater as asas para criarem calor dentro da colmeia. Normalmente as abelhas suportam temperaturas de 42 graus, mas, as vespas só suportam uma temperatura de 40 graus. Então as obreiras aquecem a temperatura da colmeia até aos 41 graus, arriscando mesmo a sua própria vida para matar o seu próprio inimigo, deixando a mesma sufocada até a morte.
É também conhecida como “vespa assassina”. Chegada a Portugal há 4 anos, a vespa asiática ainda não tinha provocado nenhuma vítima mortal, mas há cerca de 1 ano, ganhou a sua batalha, picando um homem em Goães, no nosso concelho.
O homem, depois de picado, sofreu um choque anafilático (grave reação alérgica) que o levou à morte. Uma picada da vespa asiática não é motivo de pânico, que o diga um aluno da escola que este ano foi picado, mas para as pessoas alérgicas ou com dificuldade em respirar, a única precaução a ter é ir o mais rapidamente possível para o hospital, ou chamar uma ambulância, pois as mortes de picadas de abelhas asiáticas são normalmente por asfixia.
Perigo? Sim, para o ambiente acima de tudo!
Além de ser um perigo para os humanos, as vespas asiáticas representam uma enorme ameaça para o ambiente e para a biodiversidade. Ataca as colmeias as nossas abelhas melíferas nas suas colmeias. E com isso, há redução da biodiversidade e a fraca produção de frutos, devido à falta de polinização.
Citando as palavras do biólogo João Garcia: “É uma vespa invasora e a sua chegada está a provocar alterações na biodiversidade. Por ser carnívora, esta vespa come as abelhas, mas também todos os outros insetos polinizadores, provocando um desequilíbrio no ecossistema que só será visível daqui por uns anos”.
Pode-se ajudar de alguma maneira?
Sim! Logo que alguém aviste uma vespa asiática deve contactar os serviços da proteção civil ou aceder ao site “SOS Vespa” para apresentar a sua observação. O site referido serve para apoiar a identificação e o controlo da vespa velutina em Portugal. Com esta plataforma é possível através de um simples smartphone com ligação a internet, introduzir in loco a localização do avistamento e preenchendo formulário simples com as características do ninho, bem como anexar fotografia do mesmo. A Plataforma envia de seguida avisos automáticos aos técnicos de Segurança Pública e Proteção Civil da respetiva área de jurisdição que se encontrem registados na plataforma, para que estes passem agir de forma mais imediata e adequada nos focos de expansão da praga.
Também podemos apresentar o nosso avistamento nas juntas de freguesia, que farão chegar às entidades municipais a sua localização.
Pode ser combatida?
O seu combate é muito complexo. As entidades oficiais já estão a dar alguns passos no que toca ao combate das vespas, mas é um processo complicado, que demora o seu tempo. Entretanto, encontrou-se uma forma de combater estas vespas. A maioria dos técnicos utilizam as chamas, deitando o ninho abaixo da árvore e queimam-no até não haver uma única vespa.
Na nossa região, a luta está entregue aos serviços do pelouro do ambiente da Câmara Municipal, através do serviço de veterinária e com o apoio dos bombeiros e técnicos especializados na destruição destes ninhos.
Não devemos ser nós a fazê-lo, pois, além da nossa segurança, se alguma vespa fugir, pode vir a fundar um novo ninho e o problema vai aumentar.
No inverno, como a maioria das nossas árvores são de folha caduca, os vespeiros ficam mais visíveis aos nossos olhos. Assim, o seu avistamento é muito maior.
A espécie, com um ciclo biológico anual, apresenta a máxima atividade no verão, quando ataca em massa as colmeias. Como o nosso clima é ameno, muitos dos ninhos ainda estão em atividade no início do inverno, uma vez que o ciclo de vida da vespa asiática no país é mais longo. Nessa altura, as rainhas morrem e as fundadoras (rainhas no ciclo seguinte) hibernam em árvores, rochas ou no solo, até fevereiro ou março. Depois fundam a sua colónia. Um ninho pode atingir um metro de altura e 80 centímetros de diâmetro e pode albergar cerca de duas mil vespas obreiras e 150 fundadoras.
Todos os ninhos avistados devem ser informados, mesmo que já estejam vazios, pois no ciclo seguinte, podem ser confundidos com os novos e o combate a esta praga tornar-se mais difícil
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