A vespa asiática, que tanta atenção tem merecido, recentemente, em Portugal, pertence à espécie “vespa velutina”. O seu comprimento médio é de trinta milímetros e a rainha pode chegar aos trinta e cinco milímetros. São insectos de cor maioritariamente castanho escuro, com algumas riscas amarelas.
É nativa da Ásia oriental e originalmente habitava ambientes tropicais. No entanto, em 2004 é avistada pela primeira vez na Europa, em França, onde terá sido provavelmente introduzida sem intenção através do comércio agrícola. Na Europa, além da França, também foi detectada e considerada uma espécie invasora em Espanha, Portugal e na Bégica, mas prevê-se que, nos próximos anos, alargue a sua presença a todo o continente. Em Portugal, encontrou-se pela primeira vez um exemplar desta espécie em 2011, num apiário em Viana do Castelo.
A vespa asiática alimenta-se de abelhas e outros invertebrados. De Junho a Novembro, a população da colmeia aumenta significativamente. Consequentemente, é neste período que existe uma maior procura de alimento por parte desta espécie.
As vespas asiáticas atacam com frequência ninhos de abelhas do tipo europeia para capturarem as larvas. O método de ataque das vespas asiáticas é bastante eficaz. Quando detetam uma colmeia, as vespas esperam junto a esta que as abelhas operárias cheguem carregadas de pólen. Aí, capturam-nas e matam-nas, transportando apenas os seus tórax (a zona mais nutritiva) para os seus ninhos, onde são utilizados para alimentar as larvas. Depois de matar as abelhas operárias, o comportamento das vespas asiáticas nem sempre é o mesmo. Muitas vezes esperam fora da colmeia que o resto das abelhas que se encontram no interior morram à fome. Outras vezes invadem a colmeia e matam todas as abelhas que encontram até chegarem aos favos, onde capturam larvas e se apoderam do mel.
As vespas asiáticas constroem os seus ninhos preferencialmente no cimo de árvores com mais de cinco metros de altura (como se pode observar na primeira fotografia do Anexo 1). Os ninhos podem atingir um metro de altura e oitenta centímetros de largura e têm forma de grandes ovos (ou esférica, no caso dos ninhos mais pequenos). Os ninhos são construídos a partir de pasta de papel produzida com o cuspo das vespas. Têm vários favos com alvéolos hexagonais, dispostos em “andares”. Esta estrutura é envolta por uma “parede” formada por um grande número de componentes cuja forma se assemelha a uma concha, de cor “beige” com riscas castanhas. Algumas fotografias de pedaços de um destes ninhos são apresentadas no Anexo 2.
O facto de as vespas asiáticas construirem os seus ninhos no alto de árvores altas, onde passam despercebidos, é uma possível razão para o facto de a presença desta espécie invasora só ser detectada muito tempo depois de se ter instalado. Os ninhos são frequentemente descobertos no inverno, após a queda das folhas.
Em Portugal, a maior parte dos ninhos detectados situa-se no norte do país, principalmente na região entre os rios Minho e Lima. Especialistas prevêm que dentro de dez anos esta espécie invasora colonize toda a Península Ibérica.
A rápida expansão do território colonizado por vespas asiáticas é muito preocupante. Este problema exige medidas imediatas pois constitui mais uma forte ameaça à população mundial de abelhas, que tem vindo a diminuir de forma drástica nas últimas décadas, devido à ação de fungos, pesticidas, alterações climáticas e destruição de habitats.
Em diversos sites da World Wide Web, pode encontrar-se a seguinte frase, atribuída de forma generalizada, mas incorrectamente, a Einstein:“Quando as abelhas desaparecerem da face da Terra,
à Humanidade restarão apenas quatro anos de vida.”
Embora, na eventualidade das espécies de abelhas polinizadoras se extinguirem, o nosso destino não fosse, provavelmente, tão catastrófico, certamente que esse acontecimento provocaria alterações radicais em todo o planeta Terra.
A agricultura está dependente das abelhas para a polinização. Um terço da nossa comida (vegetais e frutos) precisa de ser polinizada por insetos. As abelhas europeias são responsáveis por 80% de toda a polinização. A extinção das abelhas polinizadoras provocaria um decréscimo significativo na produção de frutos e vegetais. Consequentemente, o desaparecimento das abelhas seria extremamente prejudicial para o ser humano.
Presume-se que, eventualmente, outros polinizadores assumiriam as “tarefas” das abelhas e responsabilizar-se-iam pela polinização outrora desempenhada pelas abelhas. No entanto estas mudanças levariam muitos anos a ocorrer e seriam necessárias alterações profundas na agricultura para adaptá-la às necessidades dos novos polinizadores.
Como já referi, o território colonizado pelas vespas asiáticas está a expandir-se rapidamente. É necessário e extremamente importante que todos colaboremos para parar esta expansão. A forma mais eficiente de exterminação de vespas asiáticas é a destruição das colónias. Assim que um ninho de vespas asiáticas seja avistado, a sua localização deve ser imediatamente comunicada a autoridades competentes para lidar com o problema, como por exemplo os Bombeiros. Estes queimam os ninhos e dessa forma destroem as respectivas colónias. As vespas asiáticas são insectos diurnos, cujas actividades no exterior cessam totalmente quando o dia termina. Por isso os ninhos são queimados ao fim da tarde ou ao amanhecer, quando todos os elementos da colónia aí se encontram.
No entanto, por experiência própria, recomendo que se verifique sempre se, de facto, o ninho foi completamente devastado. Se os ninhos não forem completamente destruídos e uma parte da estrutura permanecer intacta, muitas vespas continuarão ativas.
Foi isso que aconteceu com uma colónia que existia numa das árvores perto da minha casa. Fomos alertados por vizinhos que existia um ninho de vespas asiáticas no cimo de uma das nossas árvores mais altas e um dos elementos da Junta de Freguesia contactou os Bombeiros. Estes queimaram o ninho, mas inadvertidamente deram o trabalho por terminado sem se terem assegurado que o ninho estava totalmente destruído. Após a intervenção dos Bombeiros, fomos verificar o estado em que o ninho tinha ficado e deparámo-nos com uma grande parte da sua estrutura ilesa no chão. O ninho tinha caído da árvore antes de ter ardido completamente. A colónia tinha sido afectada, mas não tinha sido eliminada. A tarefa teve que ser terminada pelo meu pai, que queimou o que restava do ninho.
O terreno que rodeia a minha casa tem muitas flores na Primavera e nessa altura vêem-se muitas abelhas a recolher pólen. As abelhas que nos habituámos a ver tão atarefadas estariam condenadas caso este ninho não tivesse sido destruído. Consequentemente, as nossas árvores de fruto provavelmente deixariam de produzir as habituais ameixas, tangerinas, maçãs, laranjas e pêssegos. Felizmente, agora, desapareceu o perigo que ameaçava as abelhas que nos visitam e assim o ecossistema existente no nosso pomar e terreno circundante foi preservado.
Bibliografia:
http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&id=1565:alerta-vespas-assassinas&Itemid=80
http://www.jn.pt/multimedia/infografia970.aspx?content_id=4112197
http://www.publico.pt/ciencia/noticia/vespa-asiatica-chegou-a-portugal-e-nao-deixa-as-abelhas-a-sair-das-colmeias-1583236
http://inpn.mnhn.fr/fichesEspece/Vespa_velutina_en.html
http://observador.pt/2014/08/30/tres-ninhos-de-vespas-asiaticas-destruidos-porto/
http://greendustriesblog.com/greendustries/2012/04/12/bees-and-survival-of-the-human-race/
http://nativeplantwildlifegarden.com/will-we-all-die-if-honey-bees-disappear/
Manuel Barros
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