A exemplar qualidade da água que se bebe em Vila Nova de Famalicão distinguida, com o Selo de Qualidade, pela terceira vez, despertou a nossa curiosidade e levou-nos às instalações da DASU (Departamento de Ambiente e Serviços Urbanos), onde reunimos com o Eng. José Magalhães (responsável pelo Sector de Controlo da Qualidade da Água) com o objetivo de compreender todo o trabalho que está por trás da excelente qualidade da água que chega às torneiras dos famalicenses.
JRA: Quais foram os requisitos necessários para que o município de Vila Nova de Famalicão tenha ganho, pela terceira vez, um selo de qualidade?
Eng. José Magalhães: Os resultados das análises realizadas à água atingiram em 100%, os requisitos exigidos pela legislação. Para se obter o selo de qualidade, é necessário ter um grau de cumprimento superior a 99% e nós conseguimos superar.
JRA: Para garantir essa qualidade, existe certamente um investimento na manutenção de toda a estrutura adutora. Quais são as dificuldades apresentadas durante o processo de manutenção?
Eng. José de Magalhães: Existem algumas dificuldades, por exemplo, se houver necessidade de fazer uma intervenção num local com muito trânsito, isso implica sinalizar bem a zona; se for uma vala muito funda, temos que ter cuidados adicionais para que não haja desprendimento de terras e não cause acidentes de trabalho. Se houver uma fuga, o local, normalmente, encontra- se cheio de água que, em contacto com a terra, forma lama que tem que ser removida e a água suja tem que ser bombeada para não entrar em contacto com a da rede de distribuição. Antes de repor esse troço da rede em funcionamento, normalmente, abre-se uma boca de incêndio a jusante para expulsar as primeiras águas que ainda podem conter resíduos.
JRA: E como conseguem detetar/localizar fugas de água na rede?
Eng José Magalhães: Através de um software, consegue-se detetar e localizar as avarias nas condutas, assim como as condutas com maior probabilidade de falha. À saída de cada reservatório de água e noutros setores existem medidores de caudal. Estas zonas em que se instala um medidor de caudal e onde ele é monitorizado são chamadas de ZMC (zonas de medição de controlo).
JRA: Mas como funciona esse software?
Eng José de Magalhães: Com base no histórico dos consumos de água, o software estabelece um padrão e, sempre que há um consumo mais elevado, é transmitido um alerta com a localização. De seguida, o que se faz é procurar a fuga com a ajuda de uma empresa de pesquisa ativa de fugas, que utilizam os chamados geofones ( aparelhos que passam junto da conduta de água) e, quando existe fuga, esta pode ser detetada pelo seu ruído característico.
JRA:Tendo em conta a redução da precipitação e a consequente redução da disponibilidade de água das albufeiras, quais são as medidas que devem ser implementadas pelos habitantes de Vila nova de Famalicão, para poupar água?
Eng José de Magalhães: O município está já a implementar algumas medidas, como por exemplo, a suspensão da rega com água da rede pública nos espaços verdes. Cada pessoa, individualmente, deve tomar medidas básicas, por exemplo, preferir duches aos banhos de imersão, colocar redutores de fluxo nas torneiras, desligar a água enquanto se lavam os dentes ou a loiça. Outra medida pode passar pelo reaproveitamento da água da chuva, utilizando um depósito para recolher e armazenar essa água, criando uma rede que forneça, por exemplo, os autoclismos. Para além disso, em zonas mais baixas, em que a água vem de um reservatório elevado e atinge maior pressão, provocando ruturas nos canos e problemas na rede de distribuição ao consumidor, é necessário colocar válvulas que têm como função diminuir a pressão da água para os valores desejados, evitando assim o desperdício.
JRA: Todos os habitantes do município de Famalicão usufruem da qualidade dessa água?
Eng José Magalhães: Há cerca de 30 anos, no município de Vila Nova de Famalicão, existiam apenas duas grandes captações de água para abastecer o concelho, a do Rio Este e a do Rio Ave. Devido à alta poluição do Rio Ave, o Município de Famalicão aderiu às Águas do Norte, uma entidade responsável pela captação, tratamento e abastecimento de água para consumo público. Neste momento, a taxa de cobertura a nível do concelho é de cerca de 92%, embora a taxa de adesão da população seja apenas de 73%, o que quer dizer que há muita gente que tem água da rede à porta e não a utiliza. Em muitas casas, as pessoas recorrem a poços e furos para obter a água mas, não devem utilizá-la para consumo humano, uma vez que não está garantida a sua qualidade. Pelo contrário, devem utilizar a água da rede pública cuja qualidade é assegurada com cerca de 1000 determinações a parâmetros da água/ano, em laboratórios acreditados, existindo a certeza de que a nossa rede disponibiliza uma água de qualidade.
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