Apanhar Plástico com Bolhas

Perante as impactantes imagens da Ilha de Plástico no Oceano Pacifico que têm vindo a aumentar, o CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha Ambiental) propõe um novo mecanismo que permitirá suavizar este problema. Os animais marinhos emaranhados em resíduos plásticos tornam-se dolorosamente comuns, há aproximadamente 2/3 de plástico de origem terrestre que pela força do rio acabam no mar é por isso, necessário agir rapidamente. Este problema que é iniciado por NÓS, acaba por nos prejudicar a NÓS pela enorme quantidade de microplásticos presentes no interior dos peixes que consumimos diariamente. O artigo abaixo apresenta um projeto inovador que o CIIMAR propõe para o estuário do Ave, apelo à sua leitura porque cuidar do rio é cuidar de si!

São dolorosamente comuns as imagens da Ilha de Plástico no Oceano Pacífico. E cada vez mais frequentes as fotografias de tartarugas ou gaivotas enredadas em sacos ou redes de plástico.
E isto sem falar das incontáveis notícias que dão conta da presença de microplásticos, pequenos pedaços de veneno, com menos de 5 mm, encontrados no interior do peixe que consumimos diariamente à refeição.

Os plásticos e microplásticos são, cada vez mais, um problema ambiental gravíssimo e global e cientistas de todo o mundo procuram formas de combater. Em Vila do Conde, os investigadores do CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto) estão envolvidos na implementação de uma nova tecnologia: a “Bubble Barrier” é uma espécie de cortina de bolhas, capaz de capturar cerca de 86% dos detritos inorgânicos na água, sem obstruir a passagem de fauna aquática ou perturbar o tráfego de navios. A ideia é captar o plástico nos rios – neste caso, no Rio Ave – antes que cheguem ao Oceano Atlântico.

“O problema da poluição fluvial é universal: os detritos, sobretudo plásticos, são transportados pelos rios, atravessando fronteiras regionais e nacionais, antes de chegarem aos oceanos”, alertou, em declarações à Agência Lusa, o CIIMAR. Estima-se que 2/3 dos plásticos que chegam ao mar venham de terra e dos rios. É por isso, ou melhor, para evitar que isto aconteça, que o Centro da Universidade do Porto avançou com este projeto.

O mecanismo é, aparentemente, simples: “a cortina de bolhas é criada através do bombeamento de ar por um tubo perfurado, localizado no leito do rio, que cria uma corrente ascendente e traz os resíduos para a superfície. Com a Barreira de Bolhas na diagonal, o fluxo natural da água direciona os detritos para as margens e para o sistema de captação”, explicam os investigadores. Depois de captados os detritos, o sistema de captação é esvaziado e os resíduos são encaminhados para processamento e reciclagem.

É uma solução amiga do ambiente, até porque todo o mecanismo é alimentado por energia solar fotovoltaica. Além disso, os resíduos e o lixo que são recolhidos no sistema de captação acabam, depois, por ser transformados em materiais de segunda geração pelos parceiros do projeto.

A Bubble Barrier tem vindo a ser testada, desde há 3 anos, nos canais de Amesterdão. Em Novembro de 2023, foi colocada a primeira barreira no Rio Ave mas, para os próximos meses está prevista a colocação de várias outras, no estuário do rio, em Vila do Conde. Além disso, também já existem planos para a colocação de outros sistemas na Alemanha e na Indonésia.

Gil Folhadela Angélico de Melo