Localização e contextualização geológica:
A praia das Avencas situa-se na costa portuguesa, no concelho de Cascais, entre as Praias da Bafureira e da Parede (Figura 1) e encontra-se dominada pela presença de arribas. As rochas características são predominantemente sedimentares – o calcário, por exemplo.
Existem, porém, também outros tipos de rochas no local, tal como é o caso do filão basáltico (Figura 2) contemporâneo da intrusão da Serra de Sintra. Os afloramentos rochosos (Figura 3) testemunham o
passado geológico, fornecendo-nos indícios de uma praia de clima tropical com lagunas e baías protegidas para as quais a chuva arrastava grandes quantidades de argila.
Ecossistema e biodiversidade
Com a existência de fatores abióticos favoráveis e a intervenção do Homem na preservação dos seres vivos, o habitat tem uma ampla diversidade biológica. Desta forma, a prevalência da vida associada ao desenvolvimento sustentável está garantida.
Ainda assim, os investigadores necessitam de estudar o ecossistema a fim de adotar medidas que garantam sua sustentabilidade. Por exemplo, é frequente a contagem de seres vivos, utilizando um quadrado dividido em várias quadrículas mais pequenas. Depois de um certo período de tempo a repetir o processo, é possível constatar que a heterogeneidade é maior na estação quente, o que é completamente normal.
As espécies mais fabulosas são a estrela-do-mar (marthasterias), os ouriços-do-mar (paracentrotus lividus), as anémonas (actinia equina), as esponjas (porifera) e vários tipos de alga, como é o caso da alface-do-mar (ulva lactuca).
O leitor pode deleitar-se com algumas das fotografias obtidas pelos jovens repórteres durante uma visita orientada pelo serviço de Educação e Sensibilização ambiental da Câmara Municipal de Cascais (Figura 4).
Relevância turística e científica
Devido aos fatores já mencionados, a praia é um lugar propício à expansão da cultura científica e à sensibilização ambiental. As visitas guiadas destinadas a todo o público são frequentes, mas é sobretudo a nível escolar, científico e turístico que adquirem maior destaque.
De Zona de Interesse a Área Protegida
Pelas suas características geológicas e biológicas, este local adquiriu, em 1998, o estatuto de Zona de Interesse Biofísico, denominando-se por ZIBA. No entanto, devido às complicações ainda existentes foi necessário tornar o local numa Área Protegida, algo que aconteceu recentemente. A transição deve-se à intervenção da Câmara de
Cascais, que, através de trabalho árduo assegura a implementação de condições imprescindíveis à defesa e proliferação deste ecossistema. Algumas destas medidas consistem na vigilância, nas restrições a nível de pesca e na criação de trilhos específicos (Figura 5) para o movimento dos visitantes, a fim de evitar o seu impacto no habitat.
Questões ambientais
Depois de todos os deleites deste sumptuoso espaço terem sido referidos, é necessário abordar questões mais sérias – é o caso dos plásticos (Figura 6), salientando-se inúmeros cotonetes, garrafas, beatas e embalagens. Os microplásticos menos visíveis, mas em grande abundância também constituem um grave problema ambiental uma vez que estes materiais confundem-se com plâncton, alimento de muitos seres vivos deste ecossistema.
Depois da introdução dos plásticos no quotidiano, a vida tornou-se-nos, naturalmente, mais facilitada; é algo indispensável nas várias vertentes da vida, nos dias presentes.
No entanto, a sua utilização indiscriminada e irresponsável prejudica os ecossistemas marinhos. Na verdade, todo o plástico de que não nos livramos corretamente chega ao mar, onde interfere nas cadeias alimentares e leva à extinção de inúmeras populações. A praia é limpa diariamente, mas a situação dos plásticos é incontrolável, pois que este é proveniente de locais distantes e arrastado pelas correntes marítimas. Desta forma, interferem tanto na paisagem como na vida; é uma das maiores preocupações do momento, tal como foi exposto numa sessão de sensibilização pela engenheira do ambiente Andreia Rijo.
A fim de demonstrar a sua presença em variados produtos, realizou-se uma experiência em que é possível observar a quantidade de microplásticos presentes num creme esfoliante (Figura 7). É uma forma prática de perceber a prevalência destes resíduos e justificar a sua presença no meio marinho.
Após dissolver o esfoliante em água e proceder à sua filtração, utilizando um papel de filtro, pode-se observar os microplásticos (grãos amarelados depositados no papel), e perceber então que muitos dos materiais que utilizamos possuem este tipo de resíduo, nomeadamente, pasta de dentes, detergentes, entre outros.
No entanto, existem outros perigos que não podem ser menosprezados; é o caso da falta de atenção durante as visitas. Ao pisar em locais impróprios, as algas que constituem o “tapete” e as esponjas unicelulares são danificadas, levando à diminuição das respetivas populações.
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