A Minority Denim é uma empresa sediada em Vila Nova de Famalicão, sendo que um dos seus propósitos é tingir vestuário da forma mais sustentável. O projeto “BioTint” utiliza produtos 100% orgânicos e naturais durante o processo de tingimento das peças de vestuário, contribuindo para o conceito de economia circular, associado à indústria têxtil (setor que tem grande impacto na economia do Vale do Ave).
Até ao momento, com os produtos orgânicos que tem ao seu dispor, conseguiu obter 14 cores, 100% naturais e orgânicas, que vão desde os tons mais claros, como o rosa e o amarelo, até aos tons mais escuros, como cinzas e castanhos. Utiliza essencialmente cascas de cebola, folhas secas de eucalipto, borras de café, bagaço de azeitona, aparas de árvores, como a nogueira, faia, madeira sapele, semente de urucum e raízes de uma planta tintureira (Rubia tinctorum).
Em entrevista com o gerente da Minority Denim, Diogo Aguiar, ficámos a saber qual o impacto ambiental deste processo de tingimento, quando comparado com o reativo (processo normal/convencional). Diogo Aguiar afirmou que o consumo de energia é significativamente inferior, já que este processo exige temperaturas mais baixas na fase do tingimento. Relativamente ao consumo de água, as quantidades utilizadas são equivalentes durante o método de tingimento, uma vez que não se pode diminuir a quantidade da mesma, sob pena de surgirem manchas e irregularidades, no entanto, na totalidade do processo a quantidade de água utilizada é menor, porque são evitados alguns enxaguamentos e, para além disso, toda a água que sai deste procedimento não contém toxinas nem produtos químicos prejudiciais ao ambiente, o que é uma vantagem, podendo ser devolvida à natureza sem impacto negativo.
Relativamente à origem dos desperdícios, Diogo Aguiar explicou que os colaboradores da Minority Denim obtêm aparas de madeiras nas carpintarias da zona de Famalicão, as cascas de cebola são compradas no Concelho vizinho da Póvoa de Varzim, onde a empresa trabalha com armazenistas e distribuidores. Os colaboradores ainda se dirigem a eucaliptais, que quando ocorre o abate de árvores, obtêm as folhas de eucalipto. Com o urucum é um processo ligeiramente diferente, já que têm de importar este produto do Brasil, contudo, é aproveitada uma rota deste recurso, já existente na indústria da cosmética, reduzindo o impacto causado pelo transporte. Após a utilização dos resíduos, estes são finalmente transformados em composto e devolvidos ao solo para explorações agrícolas do concelho.
Segundo Diogo Aguiar, esta ideia surgiu em 2012, sendo inspirada numa empresa alemã que começou a produzir corantes para a indústria têxtil, que continham cascas de laranja e outras matérias orgânicas. Após muitas tentativas e centenas de testes realizados na cozinha de sua mãe, de uma forma artesanal, foi possível desenvolver protocolos que, só em 2017 acabaram por ser postos em prática a nível industrial. Realça a economia circular como um dos pilares deste projeto, uma vez que usa desperdícios orgânicos concedendo-lhes uma nova função.
Pelo facto de serem utilizados corantes naturais, a empresa alerta os seus clientes que devem ser adotados alguns cuidados durante a lavagem das peças de roupa, para preservar e prolongar as cores: o pH do detergente deve ser neutro e a roupa não pode secar diretamente ao sol. Segundo Diogo Aguiar, apesar desta característica, muitas marcas estão a começar a apostar neste processo considerando-o um ponto de partida para um futuro mais sustentável, sendo cada vez mais procurado no mercado estrangeiro.
A Minority Denim com o projeto “BioTint” tem como meta fazer com que esta ideia cresça mais e mais, continuando sempre a priorizar o meio ambiente, contribuindo para que a indústria têxtil do vale do Ave se torne cada vez mais sustentável.(2)
Referências:
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