A praia do Furadouro insere-se no setor da linha de costa portuguesa em que se verifica maior taxa de erosão costeira. Fortemente protegida por um enrocamento frontal que frequentemente necessita de reparação e reforço, como atualmente está a acontecer, e por dois esporões, que já não conseguem cumprir a sua função de retenção de areia. Quem chega à parte central da praia, depara-se com a ausência de areal, mesmo em situação de baixa-mar. A alternativa para os veraneantes, tem sido, nos últimos anos, o areal na zona Sul da praia. Foi para essa zona da praia que o Ecoclube Júlio Dinis se dirigiu no passado dia 10 de maio, para uma campanha de limpeza. No percurso, ao longo da marginal e do passadiço que conduz ao areal, as pontas de cigarro dominavam de entre os tipos de resíduos que se encontravam no chão e que eram seletivamente recolhidos. Chegados ao areal, os diferentes grupos continuaram a recolha seletiva dos resíduos: plástico, papel, vidro, pontas de cigarros, resíduos indiferenciados e ainda plásticos de reduzidas dimensões (microplásticos). A maioria dos resíduos encontrava-se na zona supralitoral, com predomínios dos plásticos. Já na zona entremarés foram os materiais associados à pesca que predominaram. Não foi encontrado vidro e o papel encontrado foi também pouco significativo. Em contraste, o plástico foi recolhido em grande quantidade, com especial destaque para resíduos de pequenas dimensões como tampas, cotonetes e palhinhas que facilmente se fragmentam originando microplásticos. Contudo, de entre as diferentes tipologias destacam-se os resíduos associados à pesca: restos de redes, armadilhas e cordas. Não foi fácil retirar um emaranhado de cordas que se encontrava parcialmente enterrado no areal. Apesar da elevada dimensão e peso, foi possível arrastar estas cordas até ao início do passadiço no areal, para que possam ser posteriormente recolhidas pelos serviços da divisão do ambiente da Câmara Municipal de Ovar.
Os diferentes tipos de resíduos recolhidos foram colocados nos respetivos ecopontos. As pontas de cigarros, fechadas num saco de plástico, foram colocadas no coletor de resíduos indiferenciados.
No final da atividade, foi feita uma reflexão conjunta e estabelecidas algumas estratégias de sensibilização da população para a necessidade de adoção de comportamentos que conduzam à proteção dos ecossistemas costeiros, preservando a sua biodiversidade, nesta que é a década (2021-2030) declarada pelas Nações Unidas, como a “Década para a Restauração dos Ecossistemas”.
Ecoclube Júlio Dinis