Carta aberta, pela importância da preservação da Água

Querida Terra,                                                                                 República Dominicana, 1 de Janeiro de 2013

 

És enorme albergando continentes e oceanos e eu sou apenas uma pequena e gota de água que viaja pelos teus charcos, ribeiros, rios, mares e oceanos.

És enorme, poderosa e cheia de energia provocando erupções vulcânicas, tsunamis, sismos e tempestades que originam a destruição numa fração de segundos e eu mal uma formiga consigo molhar. És enorme e em ti nascem, crescem e morrem milhões de espécies de seres vivos e eu apenas sirvo de lar para alguns microrganismos. És enorme e por isso és a única que podes ajudar.

Posso não ser tão grande e poderosa como tu, no entanto já viajei, vi e conheci muitas coisas, umas boas e outras más, o que fez de mim uma gota muita culta.

Escrevo-te para te alertar de algo que me preocupa e que, apesar de ter a certeza que já sabes, decidi tomar a liberdade de te descrever as proporções que está a atingir. Certamente prevês que o problema de que te vou falar é a falta de água potável.

A água é um recurso indispensável para todos os seres vivos e por isso é muito importante preservá-la. Todavia, a maior parte dos humanos que te habita não a preservou, limitando-se a gastá-la e a poluí-la e, por isso, atualmente uma em cada seis pessoas no mundo tem acesso difícil à água: 1100 milhões de pessoas não têm acesso a água potável e 2600 milhões a saneamento básico.

Numa das minhas viagens encontrava-me a repousar no oceano Atlântico perto da costa ocidental Africana, quando surge uma vaga de calor que me evaporou.

Umas semanas mais tarde já tinha entrado na Somália e finalmente a nuvem largou-me. Caí num pequeno lago cercado por um solo árido. Olhei em volta e fiquei chocada. Nem queria acreditar no que via. Vários adultos e crianças desidratados ocorriam ao pequeno lago onde me situava e procuravam beber e guardar o máximo de água possível. Compreendi que tinham pouco acesso a esta, pois ou raramente chovia ou a água que havia era facilmente evaporada, graças às elevadas temperaturas. Achei a situação muito preocupante, pois ter acesso a água potável é um direito que pertence a todos nós.

Passaram dois dias e rapidamente fui evaporada deixando para trás um cenário de desespero e miséria.

Umas semanas mais tarde, acabei por cair sobre a forma de neve no Canadá, mais precisamente na cidade de Vancouver. É uma cidade populosa e desenvolvida, tal como a maior parte das cidades canadianas, onde o tema da falta de água potável é pouco discutido. Afinal, o Canadá é um dos maiores detentores de água potável do planeta. Aqui uma pessoa pode gastar diariamente 600 litros de água, enquanto uma família na Somália, muitas vezes, apenas tem acesso a cerca 10 litros (ou muito menos do que isso) para beber, cozinhar, fazer a higiene básica, irrigar plantações e sustentar rebanhos ou outros animais.

Fiquei sem palavras. Sentia-me desiludida, impotente, triste, só… Um ano passou e mais uma vez eu parti. Estou na República Dominicana, deitada numa folha de uma palmeira. Estou a pensar e a refletir em tudo aquilo que descobri, vi e conheci ao longo dos tempos. Tens que fazer perceber aos homens que eles têm que mudar.

Usa o teu “poder” se necessário, mas acima de tudo diz-lhes: somos um e por isso vamos lutar como um só para proteger aquilo que temos de mais precioso a que chamamos: ÁGUA.

Despeço-me com amor,

Gutilde

 

Ana Machado Luís, 8ºC

Ana Machado Luís