Na sequência dos fogos da Beira Litoral, a Assembleia da República em julho de 2017 decidiu criar por unanimidade uma comissão de especialistas independentes com o intuito de avaliar e analisar os incêndios de Pedrógão Grande em 2017. Para isso, aconteceu um acordo entre o conselho de reitores das universidades portuguesas e a Assembleia da República que indicaram doze peritos. João Guerreiro assumiu a coordenação da comissão. O relatório final de análise e de investigação foi entregue em outubro, no qual constavam um conjunto de recomendações que devem ser adotadas para combater o problema da floresta portuguesa e permitir a preservação e o respeito do território. Assim sendo, parte destas recomendações estão a ser adotadas pelo Governo na execução do Orçamento de Estado 2018 que inclui verbas destinadas ao fundo ambiental. De acordo com João Guerreiro, “Estas questões não dependem dos órgãos políticos nem dos técnicos de investigação, mas sim da sociedade e dos projetos”.
Os acontecimentos dos fogos de outubro levaram à iniciativa de uma operação de análise, tendo por base indicadores que correspondem a: área florestal ardida, instalações industriais destruídas, casas incendiadas e sobretudo as vitimas destes incêndios. E portanto, o antigo reitor da Universidade do Algarve, afirma não ser admissível numa sociedade moderna, com capacidades tecnológicas, não prever a ocorrência destes acontecimentos e as estruturas da Proteção civil não conseguirem prestar apoio às populações.
O reformismo florestal reúne oportunidades de evolução para encontrar soluções a longo prazo e sobretudo sensibilizar a comunidade, as escolas e as autarquias. Porém, há que reconhecer que a intervenção no sistema florestal não é dada a mudanças a curto prazo. Segundo João Rodrigues, os recursos da floresta devem começar a ser entendidos como bens essenciais que esta produz e coloca ao serviço da comunidade.
A nível internacional, os incêndios em Portugal tiveram um impacto sociológico, no que respeita ao número de vítimas causadas e à destruição pelo território português. Enquanto docente, considera necessário conciliar todos os níveis de conhecimento, incluindo-se tanto o teórico como o prático, que desenvolvem mecanismos úteis no dia a dia das pessoas, para reconhecer o valor da floresta. Na sua perspetiva, a origem de conhecimento não provem exclusivamente das universidades, que beneficiam da produção de conhecimento através dos seus centros de investigação. Urge a necessidade de envolver uma proximidade da sociedade com a realidade social.
Em relação à época de incêndios florestais deste ano, o docente acredita que os impactos tenderão a ser mais moderados e que a catástrofe de Pedrogão foi sendo admitida e assumida pelas populações. Afirma também que enquanto em Pedrogão o nível etário das pessoas que faleceram corresponde a crianças e a jovens, os incêndios de outubro afetaram a pessoas dependentes ou doentes.
A intervenção municipal é fundamental para o contacto com as populações e evita com que episódios como o de 2017, voltem a repetir-se. No entanto, considera que estamos num mundo em que as condições naturais e meteorológicas têm vindo a agravar-se, sendo imprevisível conhecer-se o seu fim. Para João Guerreiro, continua a existir a possibilidade para o homem “simular, prever e antecipar”.
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