Como funciona um centro de triagem?

Já alguma vez te perguntaste sobre o que acontece aos materiais que colocas no ecoponto? Para onde irão? É certo que conheces algum ecoponto e que sabes separar os materiais para a reciclagem: azul-papelão; amarelo-plasticão; verde-vidrão. E, por certo, já viste algum carro de recolha a levar os materiais para algum lado. Mas para onde? Isso foi o que um conjunto de alunos do Clube de Ciência Viva na Escola da Escola Básica de Leça da Palmeira foi descobrir.
Fig. 1 Ecoponto da sala da palestra.

Fig. 1 Ecoponto da sala da palestra.

No dia 23 de março, na Lipor ( https://www.lipor.pt/pt/ ), os curiosos alunos puderam aprender e visualizar o que se faz no Centro de Triagem. Eis o que os jovens repórteres documentaram da sua experiência:

“A visita foi divertida, aprendemos várias coisas sobre os materiais que reciclamos diariamente e onde os devemos colocar”, refere-nos o Gui Gonçalves. E continua “por exemplo, aprendemos que pilhas são muito perigosas, pois se estiverem um determinado período de tempo em contacto com o solo (solo sendo terra, erva, etc.), nada irá mais crescer num raio de 1 km; essa é também a razão pela qual a Lipor não trata de pilhas.” O Guilherme lembra ainda que “o sítio onde eles tratam do lixo não cheirava tão mal quanto eu pensava, provavelmente porque a Lipor não trata de lixo orgânico (que esse é que cheira mal), mas era mais barulhento do que pensava.”

Fig. 2 A comunicadora da Lipor, Maria Sardinha, dialogando com os alunos do Ciência em Ebulição (nome do Clube).

Fig. 2 A comunicadora da Lipor, Maria Sardinha, dialogando com os alunos do Ciência em Ebulição (nome do Clube).

O Salvador Fontes reporta o seguinte: “Em relação à visita de estudo à Lipor gostei, apesar do cheiro muito intenso a lixo dentro da fábrica. Gostei muito da parte da palestra. Aprendi muito e penso que gostaria de lá voltar daqui a alguns anos para aprender ainda mais sobre o que podemos e não podemos colocar dentro dos contentores da reciclagem”.

Por fim, o Henrique Martins refere-nos “Eu acho que foi muito interessante aprender sobre a recolha de lixo e ver o lixo todo amontoado. Também acho que tive uma perceção diferente do trabalho dos recicladores”.

Fig 3. Os jovens tiveram a oportunidade de ver a fábrica de triagem por dentro.

Fig 3. Os jovens tiveram a oportunidade de ver a fábrica de triagem por dentro.

Todo o processo e todos os intervenientes, desde o momento em que separamos os materiais na nossa casa e os depositamos no ecoponto até à sua triagem por trabalhadores, no centro visitado, e encaminhamento dos materiais já triados para as empresas recicladoras é um espanto. Fez-nos pensar nas dificuldades que a Natureza enfrenta para nos prestar o serviço de decompor e transformar naturalmente todo o “lixo” que produzimos e que, afinal, aprendemos a encarar como matéria-prima.

Fig 4. Pormenor do processo de acondicionamento de latas de metal que, depois, são enviadas à empresa recicladora.

Fig 4. Pormenor do processo de acondicionamento de latas de metal que, depois, são enviadas à empresa recicladora.

Será que temos noção de quanta matéria acumulamos para reciclar? E da envergadura de todo o processo pensado para auxiliar a Natureza nessa tarefa hercúlea?

Produzir menos materiais, menos embalagens, consumir menos e tornarmo-nos consumidores mais exigentes pedindo contas às empresas menos ecológicas e/ou que fazem produtos para descartar em pouco tempo é a única via possível para desacelerar o volume de materiais recicláveis (ou não recicláveis) que produzimos.

Foi uma lição poderosa: ver para compreender. Nunca mais se irão esquecer.

Guilherme Gonçalves, Henrique Martins, Salvador Fontes