Os portugueses consomem 3,5 vezes mais carne do que a dose diária recomendada na roda dos alimentos. Este elevado consumo é um tema debatido, por vezes, nos meios de comunicação social, mas o único argumento que resulta do debate é que temos de diminuir o consumo de carne, não se observando depois alterações nos hábitos alimentares nem ações sobre os seus malefícios, quer para a saúde quer para o ambiente.
Mesmo com o surgimento de movimentos que defendem o vegetarianismo, oveganismo e a redução urgente do consumo de carne, não se observaram ainda na sociedade portuguesa profundas alterações nos hábitos alimentares, na diminuição da produção de produtos de origem animal nem no seu consumo. Paralelamente, verificamos que a temática da nutrição constitui uma preocupação cada vez mais generalizada, no entanto, há falta de literacia nutricional e alimentar na população portuguesa. Este desconhecimento leva a que as pessoas, diariamente, consumam quantidades de carne ou de produtos de origem animal muito altas e superiores ao que precisam. A recomendação da roda dos alimentos é de 45 a 135 g de carne, pescado e ovos, de acordo com a idade, género e atividade da pessoa, no entanto, em média, o consumo dos portugueses é de 315, 07 g. Esta baixa literacia tem consequências nutricionais, que se manifestam na obesidade e no aparecimento de doenças na população, que afetam a qualidade de vida. Para além destes aspectos negativos na saúde, há também os impactos ambientais da agropecuária intensiva, nomeadamente nas emissões de gases com efeito de estufa. Comprovando este impacto foi publicado na revista “Nature Food”, de setembro de 2021, uma investigação que refere que a produção de alimentos de origem animal provoca o dobro de emissões de gases com efeito de estufa em relação à produção de origem vegetal. A agravar o problema há ainda as dificuldades que portugal tem de produção e criação de gado para alimentar a sua população o que obriga à importação, gerando mais impactos negativos no meio ambiente com o transporte do produtos. Em Portugal, para além de outras associações, a associação ambientalista Zero tem alertado para este problema, trazendo o assunto à discussão e propondo medidas para a diminuição do consumo e dos impactos ambientais do mesmo.
É urgente uma articulação entre as políticas agrícolas e as climáticas no sentido de promover uma agricultura sustentável e proteger o ambiente. É também necessário promover a literacia nutricional e alimentar dos portugueses, para que façam escolhas mais saudáveis, amigas do ambiente e sustentáveis.
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