No passado dia 2 de março apareceu o primeiro caso de síndrome respiratória aguda – coronavírus 2 (SARS-CoV-2), mais conhecido por COVID-19. Posteriormente, foi declarado estado de emergência pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, o que levou muitos portugueses a ficarem em casa, exceção dos que continuam a trabalhar.
Através de um questionário feito à população nacional (pode encontrar o questionário Aqui – apesar de já não aceitar respostas) pertencente aos diferentes distritos e ao Arquipélago dos Açores e Arquipélago da Madeira, contabiliza-se que 32,7% dos inquiridos encontram-se em casa desde os dias 12 e 13 de março – altura em que Portugal ainda não tinha óbitos por COVID-19, mas já se registavam, dia 13, 112 casos confirmados pela DGS, tendo um aumento de 34 casos desde o dia anterior. Uma parte da população portuguesa, devido a continuar a trabalhar, encontra-se a fazer 15 dias de trabalho alternando com 15 dias de isolamento e os profissionais de saúde somente praticam isolamento social nas suas folgas. De acordo com Matilde Santos, residente de Aveiro, ficar em casa “no início é bastante reconfortante e prático, no entanto, passado algum tempo torna-se insuportável não poder sair para a rua, dar um passeio (…)”.
Os portugueses, têm encontrado diferentes maneiras de ocupar o seu tempo, maioritariamente a ver séries, a estudar, no teletrabalho e a dormir, contrastando com o menor gasto de tempo em consolas e videojogos. Nesta situação, muitos foram os que aderiram à prática de exercício físico admitindo esta, a aprendizagem e a leitura como uma grande parte de ocupação do seu tempo. De acordo com as estatísticas, 43,8% mantém uma produtividade média, havendo mais portugueses com uma produtividade ótima do que baixa. Questionados sobre terem um consumo abusivo, 68,8% afirma que, mesmo perante esta situação este não acontece, indicando, no seu geral, a luz com um consumo acima da média, face à água e aos alimentos que se encontram em igual consumo (é necessário uma perspetiva crítica em relação a este assunto, uma vez que, se os portugueses não estivessem tanto tempo em casa, mas com o mesmo consumo, poderiam afirmar que este era abusivo).
Devido à situação atual, 49,1% afirmam estarem a ser mais amigos do ambiente, abstendo-se desta questão cerca de 21% e mantendo-se iguais (a continuarem com boas práticas) 3,6%. De acordo com uma fonte anónima, o facto de não estarem mais amigos do ambiente deve-se ao facto de o município “já não fazer a recolha seletiva” das matérias. Tal como Madalena, habitante de Torres Vedras, admite não sentir, em sua casa, a mudança de hábitos, mas que “na maior parte do mundo o uso de luvas, máscaras e produtos de desinfeção estão a contribuir muito para mais sujidade e poluição nas ruas”. Por outro lado encontra-se a perspetiva de Vítor Manteigas (Loures, Lisboa), que “apesar do aumento de recursos em ambiente doméstico, diminui-se o consumo fora de casa. Neste momento, o uso da viatura automóvel é praticamente nula, quando em situação normal, circulavam duas viaturas”.
Nos últimos tempos, houve uma significante redução de emissão de gases de efeito estufa resultando em que 89,3% dos portugueses admitam que o COVID-19 está a ter um impacto bastante positivo, considerando estes termos. “A redução do tráfego rodoviário, aéreo e marítimo, leva à redução da emissão de gases, bem como o decréscimo de produção das indústrias, resultado do desincentivo ao consumo de bens não essenciais e proibição de certas atividades” afirma Márcia Vieira, residente do distrito de Lisboa. Apesar deste impacto positivo, a população encontra-se preocupada por este poder ser “por um curto período de tempo” (Filipe Correia, Viseu).
O isolamento social é visto por muitos como um ato de solidariedade, mas não só, de acordo com Catarina Hencleeday (Lisboa) “pensar no outro deveria ser o mote de qualquer pessoa em todas as situações” admitindo isolar-se “por pensar na saúde dos outros (…)”. Já para Joana Pereira (Aveiro), este ato é “um dever para connosco e com os restantes cidadãos”.
A maior incógnita desta situação é o pós quarentena, pois apesar de que um dia se afirmar ter o “último caso confirmado” e após 29 dias (duração máxima confirmada do vírus ativo no corpo humano), irá ter de haver a reposição do sistema de saúde, a ajuda na parte da saúde mental (com o isolamento a parte económica irá ser afetada, o que provoca em muitos portugueses um grande impacto) e sobretudo uma grande mudança na população. Filipa Murta, dita que vai “ganhar mais cuidados com a higiene, como o hábito de lavar as mãos e também aprender a consumir o que é essencial”, encarando “esta luta como uma oportunidade para nos colocarmos no lugar do outro, exatamente na mesma situação que nós”.
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