Dessalinização, uma solução para a seca no Algarve?

Devido à crónica falta de água no Algarve, a empresa Águas do Algarve, pondera desenvolver processos de dessalinização em larga escala.

A perspectiva de escassez  de água no Algarve está a gerar projetos de investigação científica na procura de uma solução. A empresa Águas do Algarve está a desenvolver projetos sobre processos de dessalinização em larga escala, de forma a superar uma crise que se avizinha para toda a região do Algarve.

Na tentativa de colmatar a situação, a Águas do Algarve, empresa que gere os sistemas de captação abastecimento público na região, aposta na prospeção de tecnologia de centrais de dessalinização da água para responder às crescentes necessidades hídricas da região e os efeitos do aquecimento global. A empresa justifica esta opção, por considerar que a construção de mais barragens não irá resolver o problema, dada a crescente escassez de precipitação na região. O ministro do ambiente, na sua recente presença no Algarve para renovar a concessão da Águas do Algarve, enquanto entidade gestora dos recursos hídricos da região e em entrevista aos órgãos de comunicação presentes, mostrou-se partidário desta ideia, mas afirma que o processo, devido aos seus elevados custos, deve ser apenas considerado para a produção de água para consumo humano. Manuela Moreira da Silva, do Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) da Universidade do Algarve, em entrevista à Rádio Renascença, alerta para os perigos de considerarmos a dessalinização como a solução para os problemas de falta de água no Algarve. Segundo esta investigadora, a dessalinização não deve ser pensada de forma isolada, mas integrada num sistema diversificado de gestão das necessidades hídricas do Algarve. Manuela Moreira da Silva salientou ainda que a aposta principal ao nível da administração deste bem precioso, que é a água, deve ser a sensibilização para a alteração de comportamentos e a melhoria da eficiência dos sistemas de distribuição de água já existentes, as palavras-chave, no presente. Será necessário realizar grandes investimentos para diversificar diferentes origens de água e ao mesmo tempo procurar atender às especificidades de cada concelho.

A empresa Águas do Algarve, pondera desenvolver processos de dessalinização em larga escala.

Para a investigadora, “é preciso perceber em que situações fará sentido investirmos em dessalinização, conscientes de que a dessalinização, pelos sistemas que atualmente mais se utilizam – osmose inversa – implicam grandes consumos energéticos“, afirmou, reconhecendo que a “utilização de energias renováveis” pode reduzir o custo que o processo tem e que encarece a água. A osmose inversa pode ser realizada por processos físico-químicos, promovendo a destilação da água salgada ou recorrendo a sistemas de membranas semipermeáveis, Em ambos os casos, existe um problema de difícil resolução, além do já anteriormente referido (elevado consumo de energia): os rejeitados (solução rica em sal que o mar tem muita dificuldade em absorver, que altera de forma significativa os ecossistemas marinhos. Por outro lado. uma água puramente dessalinizada é ácida e corrosiva, por isso, tem de ser feito algum tratamento para que esta seja moderadamente alcalina e mais apropriada para o consumo humano, antes de ser distribuída pela rede de abastecimento. Foi pedido uma entrevista à empresa Águas do Algarve, para que esta possa esclarecer a população  do ponto da situação do projeto de dessalinização na região algarvia. Até ao presente momento, esta não foi agendada.

Bibliografia / fontes

Bibliografia imagens:

https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/38650/para-engenheiro-israelense-dessalinizar-agua-do-mar-e-opcao-para-amenizar-crises-hidricas-em-sp

(Acedido a 11 de Maio de 2020)

Dominik Palmeiro, Leonor Pires, Matilde Malveiro