É apenas papel!… Quem tem trapos?

Um espaço de promoção de cidadania Em Passos de Brandão, podemos visitar o museu do papel. É um espaço que nos transporta ao longo de mais de um século de história de uma indústria quase extinta. Aqui, reutilizando a matéria-prima e recursos energéticos da região, descobre-se aquele foi outrora e continua a ser um motor de desenvolvimento desta comunidade.

Um espaço de promoção de cidadania
Em Passos de Brandão, podemos visitar o museu do papel. É um espaço que nos transporta ao longo de mais de um século de história de uma indústria quase extinta. Aqui, reutilizando a matéria-prima e recursos energéticos da região, descobre-se aquele foi outrora e continua a ser um motor de desenvolvimento desta comunidade.

Na margem da ribeira de Rio Maior, nas terras de Santa Maria, de um moinho de água e da ousadia de uma mulher, de seu nome Lourença, no final do século XVIII, nasce mais uma fábrica de papel. Foi uma indústria que floresceu entre a segunda parte do século dezanove até a meados do século vinte.
Embora, sem preocupações ambientais, muitos percorriam as ruas em busca do sustento para a sua família. Era assim que alguns encontravam o seu meio de subsistência, transformando um desperdício numa matéria nobre, o papel. Foi a partir de fibras têxteis, linho e algodão, que noutros tempos o papel se começou a vulgarizar.

Panorâmica do espaço envolvente do Museu do Papel

Panorâmica do espaço envolvente do Museu do Papel

Com a crescente procura do papel, esta matéria-prima tornou-se insuficiente, tendo que ser procuradas outras fontes de fibras, como por exemplo a palha de arroz e a casca de cereais. Nesta procura o Eucalyptus globulus tornou-se numa espécie muito apetecível pelas características que esta planta apresenta.
Com efeito, o eucalipto apresenta um perfil de matéria-prima ideal para o abastecimento da indústria papeleira: crescimento rápido, alto rendimento fabril; baixa percentagem de casca; baixo consumo de químicos nos processos de cozimento e de branqueamento; excelentes caraterísticas papeleiras da fibra; elevada rentabilidade económica.
As mais valias desta espécie, do ponto de vista da rentabilidade a curto prazo, levou à preferência pela sua exploração de tal forma que a área de eucalipto tem vindo a aumentar continuamente. Segundo os dados mais recentes do Inventário Florestal Nacional, os eucaliptos tiveram um crescimento de 13% entre 1995 e 2010 e são hoje a espécie dominante das espécies florestais, com 812 mil hectares plantados.
Por outro lado, como as nossas espécies não evoluíram para tirar partido da presença do eucalipto, a sua cultura tem vindo a contribuir para o empobrecimento da biodiversidade faunística e florística nacional. O eucalipto é, pela sua elevada produtividade e rápido crescimento, uma das espécies com uma maior capacidade de absorção total de nutrientes do solo. O seu rápido crescimento consome bastante água, dificultando a infiltração de água e promovendo uma maior escorrência superficial, o que não possibilita o reabastecimento das reservas de água subterrânea.

Neste espaço museológico, após percorrer a história do processo de fabrico de papel até aos nossos dias, o visitante é convidado a refletir sobre o estado atual da floresta portuguesa. O museu do papel torna-se assim um espaço privilegiado para o desenvolvimento de uma cidadania ativa no que se refere à influência da atividade humana sobre a biodiversidade e a sustentabilidade nos ecossistemas.

 

 Arlindo Areias – Fátima Gaspar – Márcio Meireles – Ricardo Raminhos – Helder Marto – Manuel Pereira – Gonçalo Pereira – Manuela David – Pedro Pereira

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