Entrevista a Vanda Baltazar, veterinária de animais exóticos

Este artigo é uma entrevista com a veterinária especialista em animais exóticos Vanda Baltazar, que trabalha no Centro Veterinário da Estação, em Faro. As perguntas feitas são sobre o seu percurso como estudante e profissional.

Medicina Veterinária foi a tua primeira opção de curso? Quando é que descobriste que querias especializar-te em animais exóticos?

Sim, sempre estive interessada em animais de todos os tipos, pus como primeira opção em Évora. Descobri que estava interessada nos animais exóticos logo no primeiro ano de curso, assisti a uma palestra sobre doenças reprodutivas de répteis e lembro-me de ficar fascinada sobre o assunto e de dizer que gostaria de trabalhar com aquela pessoa (quem estava a dar a palestra) um dia. 5 anos depois estagiei na clínica onde trabalhava esse senhor. Comecei a tirar o curso em 2010, a minha universidade não tinha preparação para exóticos, portanto acabei por fazer um ano de Erasmus na universidade de Santiago de Compostela, onde havia um preparo muito melhor. Isto foi no quarto ano de curso, mas nos anos anteriores fui sempre fazendo estágios extracurriculares. Acabei por fazer o meu estágio de fim de curso numa clínica só de animais exóticos em Barcelona, fui muito bem recebida, ensinaram-me imensa coisa. Nesse aspeto tive sorte, felizmente as pessoas com quem trabalhei foram sempre prestativas, sempre disponíveis para ajudar.

O que se entende por animal “exótico”?

Na veterinária, o termo “animais exóticos” engloba todos os animais de estimação, legais, que não sejam um cão ou um gato, por exemplo, um hamster é considerado exótico. Um animal cuja espécie faz parte da fauna local é considerado um animal “silvestre”, por exemplo, uma gaivota. Se o animal não fizer parte da fauna local e não for de estimação é considerado “selvagem”. Eu, como veterinária, não posso tratar de um animal silvestre, estes têm que ser entregues a centros de recuperação para que possam ser reintroduzidos na natureza. Animais selvagens em Portugal, em princípio, só no zoo ou num safári, que têm os próprios veterinários.

Como foi a entrada no mercado de trabalho?

Quando voltei do Erasmus fiz um estágio no Centro Veterinário da Estação, em Faro, depois convidaram-me a trabalhar com eles e estou lá há sete anos. Fazemos várias coisas, clínica, cirurgia de exóticos, cão e gato também, um pouco de tudo. O que eu considero mais importante aprender para esta profissão são técnicas, métodos de trabalho. Aprender várias formas de trabalhar, analisar, resolver para ser sempre possível adaptar-se à situação. Algumas doenças, especialmente nos animais exóticos, não estão descritas em lugar nenhum, é preciso comparar com outras doenças conhecidas, outros casos parecidos, ver todas as hipóteses para poder resolver o problema. Se algum dia quiser trocar de ramo e deixar os exóticos, já fiz algumas formações para inspeções ligadas à saúde pública, é uma área pela qual tenho bastante interesse também.