Mindfulness com o Rio Pelhe

Catorze jovens voluntários monitorizaram um troço do Rio Pelhe e plantaram árvores, que no futuro farão parte de um corredor ecológico, no lugar de Moutados, freguesia de Gavião, concelho Vila Nova de Famalicão. Esta iniciativa foi a 1ª ação de voluntariado ambiental local em parceria com o projeto "Mais Voluntariado Jovem" e com a colaboração de Joaquim Sampaio, monitor do Projeto Rios.

A monitorização é uma ação integrada no Projeto Rios. Este projeto oriundo de Espanha pretende dar resposta à problemática, de âmbito nacional e global, das alterações climáticas e da deterioração da qualidade dos rios, por isso, é um projeto que visa a participação social na conservação dos espaços fluviais, tendo por base no voluntariado ambiental. No âmbito do Projeto Rios são implementadas iniciativas de responsabilidade socioambiental, relacionadas com a gestão dos recursos naturais, como a água, dos resíduos e da biodiversidade e são promovidas atividades que visam a educação, a consciencialização ambiental. O envolvimento ativo da comunidade passa pela adoção de um troço de 500 metros de um rio ou ribeira, que requer um trabalho continuado, analisando as várias vertentes existentes, como a fauna, flora, tradições, histórias, contos, lendas, instituições e pessoas.

A ação em Moutados contou com a colaboração de Joaquim Sampaio, da Associação Famalicão em Transição, que dinamiza o Projeto Rios naquele local e que apresentou o seu trabalho aos jovens voluntários. Joaquim Sampaio falou também da importância que o projeto tem para ele e, inclusive, relatou algumas histórias vivenciadas, nomeadamente, o facto de algumas pessoas atirarem o lixo para o rio se o camião de recolha de resíduos já tivesse passado. Aliás, mencionou que “o maior obstáculo para se conseguir uma maior qualidade da água do rio são as pessoas, uma vez que, é urgente mudar mentalidades, sendo necessário educar para se viver numa comunidade mais coesa e amiga do ambiente”. Deste rio já foram retirados alguns objetos peculiares segundo ele, como pneus, latas, plásticos, tambor de uma máquina de lavar roupa, frigideiras, entre outros objetos, enchendo meio atrelado de um trator.

Um dos desafios para Joaquim Sampaio passou por falar com o proprietário das terras para  usar aquele espaço com a finalidade de melhorar este ecossistema e criar um melhor ambiente para todos.

No Rio Pelhe são realizados três tipos de monitorização: monitorização de vigilância, monitorização operacional e monitorização de investigação. Nesta última é preenchida uma ficha onde tem como elementos de estudo a qualidade da água, a existência de fauna e de flora, entre outros parâmetros. Esta avaliação é realizada duas vezes por ano, uma na primavera e a outra no outono, sendo que a última ocorreu a 31 de outubro do ano passado. Depois, os resultados são enviados para Lisboa, para a ASPEA, passando a fazer parte de uma base de dados nacional.

A monitorização realizada pelos jovens consistiu essencialmente por observação, medição e análise para compreender em qual estado se encontrava a qualidade ambiental daquele troço. Após toda a ação, os voluntários puderam concluir que ainda há trabalho a ser continuado e desenvolvido.

Joaquim Sampaio falou de algumas das dinâmicas, “Independente da ação, a missão é transversal a todas elas, ou seja, pretendo tornar este troço de 500 metros cada vez mais «rio» e não um canal de esgoto, e com a ajuda de todos penso que isso seja possível”. Esta é a principal preocupação deste famalicense. Também defende que “temos de caminhar todos para o mesmo lado, apesar de existirem várias questões que devem ser ajustadas. (…) Não é apenas chegar aqui e começar a plantar árvores, há todo um trabalho e cuidado que é preciso ter antes”.

Assim, no início da ação de voluntariado, Joaquim Sampaio explicou aos jovens presentes de que forma iam proceder, como e porquê de ser assim. Os salgueiros foram plantados mais perto do leito, cumprindo várias funções, nomeadamente, proporcionar sombra, depurar a água, segurar o solo e proteger no caso de enxurradas e cheias, impedindo que os plásticos e outros resíduos não vão parar ao leito.

Cada jovem voluntário plantou o “seu” salgueiro, seguindo as instruções anteriormente dadas, contribuindo para a recuperação da galeria ripícola naquele local. Esse é um dos objetivos para o Rio Pelhe e também um sonho para Joaquim, comentou ele com os voluntários. Acrescentou ainda que quando existir um trilho ecológico, poderá ser usado para as pessoas poderem caminhar ou andar de bicicleta. Este trilho ecológico fará a ligação ao Parque da Devesa, onde já se pode passear junto do rio.

Beatriz Estrela, Greener’s e aluna da OFICINA, deu nota dos impactos positivos que estas ações têm para os participantes: “Nas ações onde participei tive o prazer de desfrutar do melhor que a natureza tem para nos ajudar. Nunca tinha parado para ouvir o que me rodeia e nestas ações consegui ouvir o vento, os pássaros, os cães e até a minha própria respiração”, segundo refere o site da OFICINA.

Ana Freitas, voluntária e aluna do Agrupamento de Escolas de Pedome, comentou que: ”fazer voluntariado tem muito que se lhe diga, uma vez que há tantas forma de o fazer, no entanto, basta querer e estar predisposto à. Mais Voluntariado Jovem, foi sem dúvida umas das melhores experiências que já tive. É pena que nem todos pensam e agem da mesma forma que eu, por exemplo, eu não sou capaz de deitar um papel que seja para o chão e no entanto, no primeiro encontro do projeto deparo-me com um rio sujo que de lá já tinham saído pneus e até tambores de máquinas de lavar. Até que ponto chega a nossa sociedade?! É por isso que é tão importante que se continuem a fazer projetos como estes, porque torna-se mais fácil mudar as mentalidades e comportamento dos mais jovens”.

A manhã iniciou com alguns exercícios de Mindfulness, passando pela conexão dos participantes com o espaço, dinamizado pela Ana Dinis, da EDUPA – Educação Plena, Associação para o Desenvolvimento Pessoal, desta que: ”foi possível observar e sentir a conexão intra e interpessoal, além da harmonização com o meio envolvente”, esta foi abordagem usada para que todos se conectassem com a natureza e toda a zona envolvente.

Este é um projecto promovido em parceria pela YUPI – Youth Union of People With InitiativeFamalicão em Transição e EDUPA. É apoiado pelo Pelouro da Juventude da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, no âmbito do programa “+ Cidadania em Rede”, e pelo IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P.

 

Bruno De Sousa