Galerias ripícolas são formações de espécies vegetais autóctones nas zonas de transição entre ecossistemas aquáticos e terrestres, com a capacidade de:
- Impedir que os fertilizantes, pesticidas e outros poluentes provenientes das escorrências contaminem as linhas de água;
- Estabilizar as margens dos leitos (através das raízes de árvores e arbustos) evitando a sua erosão;
- Regular a temperatura da água e limitar a proliferação de algas indesejáveis através do efeito de ensombramento;
- Reduzir a velocidade da corrente reduzindo os efeitos negativos das cheias;
- Proporcionar abrigo e alimento para a fauna terrestre e aquática, promovendo assim o incremento da biodiversidade.
A sua existência tem sido, no entanto, condicionada através de vários aspectos tais como o abate de árvores de grande porte como amieiros, freixos e salgueiros importantes nestas estruturas naturais e a artificialização das margens, proporcionando o aumento de temperatura (na estação quente) levando a fenómenos de crescimento exagerado de algas e de eutrofização, bem como ao crescimento acelerado de espécies invasoras como as acácias.
A propagação de espécies invasoras tem também alterado a paisagem substituindo as galerias ripícolas. Aquelas, devido à sua capacidade de reprodução e de imposição perante as outras espécies, têm dominado as margens ribeirinhas, desestruturando os ecossistemas. No entanto, devido á elevada proliferação das suas sementes, estas não podem ser abatidas, deixando o solo despido, pois graças à capacidade de estas germinarem com calor, deve ser mantido no local um clima fresco que se obtém através da sombra que estas (em adultas) produzem. É, portanto, da responsabilidade dos proprietários controlar o crescimento de espécies invasoras, eliminando-as aquando do seu primeiro nascimento, evitando a sua propagação.
Devido aos proprietários não estarem, na maior parte das áreas, dispostos a fazer esse controlo de espécies invasoras e a preservar as galerias, o governo português e a comunidade europeia implementaram através do PRODER, um programa de valorização dos espaços ambientais incidindo na limpeza das galerias ripícolas dentro do espaço rural. Preservando estas zonas consegue-se:
- Diminuir o risco de incêndios;
- Melhorar a qualidade da água;
- Minorar os efeitos das cheias e das secas;
- Promover a biodiversidade no rio e envolvente;
- Aumentar o interesse paisagístico da área abrangida
- Valorizar, atrair e educar a população para o usufruto dos espaços naturais e rurais;
A área estudada, na Ribeira da Sertã, na freguesia do Troviscal, do concelho da Sertã, foi alvo de um programa realizado pelo município que se candidatou, através de empresas privadas, sendo totalmente financiado excepto no valor do IVA que ficou à responsabilidade do município.
É de salientar que é do interesse de todos nós preservar estes locais que constituem, para além de um elemento ambiental importante na preservação dos ecossistemas, um elemento paisagístico de uma beleza incrível. A floresta é a maior riqueza desta região! Amá-la, cuidá-la e preservá-la é tão só o mínimo que devemos por nas nossas agendas e nas nossas políticas para o ambiente.
Fontes:
http://cm-serta.pt/index.php/pt/m2-floresta
Entrevista gentilmente cedida por Engª Cristina Nunes
Foto de João Alves (JRA)
Bruno Lopes, nº6, 9ºA EBPALF – AE Sertã
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