Dos dois projetos a concurso, “Horta Biológica” foi o vencedor. A verba será investida na aquisição de materiais destinados à agricultura e à construção de caixotes, que servirão de suporte às plantações, sendo essenciais para ultrapassar as limitações impostas pelo local, que impedem os trabalhos agrícolas diretamente no terreno.
Cláudia Fernandes, da turma 1106, fez a apresentação pública da sua proposta, em 13 de abril último, referindo que esta horta pretende seguir modelos de agricultura biológica, tão importantes no combate contra as práticas intensivas que destroem os ecossistemas terrestres. Segundo a Claúdia, o projeto “Horta Biológica” pretende ser um recurso educativo inovador e dinâmico, proporcionando novas experiências aos alunos da Escola D. Sancho I, quer frequentem o Ensino Básico ou Secundário. Facilitará o desenvolvimento de projetos em diversas disciplinas como a Geografia, Matemática, Física e Química, Ciências Naturais, Economia, e outras, nomeadamente dos cursos profissionais, contribuindo para compreender a relevância da produção sustentável de alimentos no mundo atual. Os alunos do Curso Técnico de Restauração e Bar poderão usufruir dos produtos biológicos da horta, para a confeção de pratos saborosos e de grande qualidade. A Cláudia realçou que, para além de proporcionar aprendizagens motivadoras, conscientes e responsáveis, de promover uma alimentação baseada em hortícolas frescas produzidas em modo biológico e de incentivar estilos de vida ao ar livre, em contacto com a terra, a horta também pretende promover aprendizagens intergeracionais, em que pais e avós possam partilhar os seus conhecimentos agrícolas ancestrais, de modo a preservar a história e modos de vida locais. Concluiu que a horta será um espaço inclusivo, onde as diferenças, sejam elas de que ordem for, se esbatam ou desapareçam através do convívio, da entreajuda e da partilha e que o projeto visa uma replicação dos modos de produção biológica em cada aluno e da comunidade educativa em geral.
Segundo o projeto, um canteiro será ocupado com frutos vermelhos (framboesas, mirtilos, groselhas, etc.); a maior parte dos canteiros destina-se a hortícolas (feijão, tomate, batata, couves, alfaces, etc.); na frente da horta, dois canteiros assumem caráter decorativo e de apoio à horta biológica, com a função de controlo de pragas (com aromáticas, flores e troncos de árvores que servem de refúgio à microfauna). Ainda num destes canteiros, um ponto de água assegura a atração de aves e de microfauna, como insetos, aumentando a biodiversidade da horta. Nas laterais encontram-se caixotes elevados, com formas estilizadas, constituindo elementos diferenciadores e de estética, destinados à produção de hortícolas de baixo porte (alfaces e morangueiros, por exemplo), flores e aromáticas. Encostados a um destes elementos, encontram-se dois bancos, para descanso e contemplação da horta. Na extensão da horta haverá árvores de fruto, uma horta vertical, um estufim, uma pequena ramada e espaços projetados pela criatividade dos alunos.
O professor Joaquim Sampaio, impulsionador de hortas biológicas nos Jardins de Infância e escolas deste agrupamento de escolas, em entrevista, referiu que vivemos num tempo em que os maus hábitos alimentares e a baixa qualidade dos alimentos são responsáveis por muitas doenças e mortes, e que a alimentação saudável assume grande importância na luta contra estes problemas de saúde. Acrescentou que este projeto irá revolucionar práticas educativas, proporcionando maior aproximação à natureza e facilitando a compreensão de alunos e famílias de como a alimentação saudável é fundamental para todos. O professor realçou o papel da horta enquanto recurso pedagógico, perspetivando que assumirá uma nova centralidade na vida da nossa escola. Para além do contacto com a terra, da aproximação à natureza e das aprendizagens com o meio biológico e pedoclimático, será também um espaço de promoção artística e cultural, com a dinamização de apresentações relacionadas com a poesia, a pintura, o desenho, a música e outras artes performativas. Concluiu que a horta constituirá um ecossistema de referência, permitindo aos alunos o desenvolvimento de competências de espetro alargado, nomeadamente, curriculares, sociais, económicas e ambientais.
Em entrevista, a diretora da escola, Dra. Helena Pereira, considerou que a horta irá contribuir para a implementação do programa Eco-escolas, motivando os alunos para a prática de técnicas agrícolas ambientalmente sustentáveis para além de tornar a escola num espaço mais bonito e acolhedor.
O processo eleitoral do Orçamento Participativo das Escolas decorreu dentro do maior civismo. A Dra. Helena Pereira deu os parabéns às alunas que apresentaram os projetos, às turmas 704, 803, 805, 1006, 1106 e 1202 que contribuíram com várias ideias e iniciativas, assim como a todos os alunos que estiveram na mesa de voto e aos que decidiram votar, demonstrando grande sentido de responsabilidade e de cidadania.
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