Enquanto as alterações climáticas, que podem levar à destruição de habitats, a caça e o tráfico ilegal de diversas espécies continuam a aumentar e a prejudicar os seres vivos, os Jardins Zoológicos trabalham em prol do bem-estar dos animais.
O bem-estar dos animais pode ser físico, mental, social e comportamental, podendo modificar as suas reações quando são reintegrados nos seus habitats naturais. Para isto acontecer com sucesso, os tratadores do Jardins Zoológicos submetem os animais a um processo de enriquecimento ambiental. Desde cerca de 1990 que se aplica este processo. Este enriquecimento pode ser, fundamentalmente social, para habituar o animal a outros animais e alimentar, para desafiar o animal a encontrar o próprio alimento. Apesar de alguns serem solitários, como o Leopardo-da-Pérsia (Panthera pardus saxicolor), existem outros que são de grupo, como o Órix-de-Cimitarra (Oryx dammah), o que leva à necessidade de uma maior normalização do contacto com outros indivíduos, para reduzir o stress, insegurança e facilitar o enquadramento do animal no ecossistema. Para além deste fator, há outros a ter em consideração. Um destes aspetos é a preparação do habitat para receber o animal, como por exemplo garantir a presença e/ou colocar presas no local para os animais terem alimento. O animal também é monitorizado através de um dispositivo GPS para assegurar a sua segurança e saúde. Quanto à população local, antes da inclusão do animal no habitat, são sensibilizados, educados e capacitados para não caçarem ou atacarem o indivíduo.
Espécies Reintegradas
O Leopardo-da-Pérsia (Panthera pardus saxicolor) é o mais pequeno dos grandes felinos. Tem garras retráteis, visão noturna, bigodes sensoriais, pelo com grandes manchas que facilita a camuflagem e uma cauda comprida que contribui para mudanças de direção a alta velocidade. Nos últimos anos, tem vindo a ser reintegrado no seu habitat natural, após estar quase extinto. Durante os últimos 50 anos, nunca foi avistada uma cria de Leopardo-da-Pérsia (Panthera pardus saxicolor) na Natureza. Em 2012, o Jardim Zoológico de Lisboa foi parte de um projeto de reintrodução no seu habitat natural, sendo o primeiro a colocar um casal de Leopardos numa reserva natural em Sochi, na Rússia, em 2016. Entretanto, não colaborou no projeto com espécimes, pois há necessidade de promover a diversidade genética.
Outra espécie que esteve a ser alvo destas reintegrações foi o Órix-de-cimitarra (Oryx dammah). Esta é uma espécie extinta na natureza, extinção esta que teve como causa a destruição do seu habitat e caça ilegal para utilização e coleção dos cornos. Um indivíduo de Órix já chegou a ser reintroduzido no deserto do Chade, em 2017, e existe outro espécime pronto para ser submetido a essa mesma reintrodução. De momento, tal não é necessário, graças à necessidade de preservar a diversidade genética.
O Ádax (Addax nasomaculatus) faz também parte deste programa, já que é um ser vivo criticamente em perigo. É herbívoro, de hábitos crepusculares e/ou noturnos e vive em ecossistemas desérticos ou semidesérticos. Este indivíduo é um exemplo vivo da reintrodução animal, já que este já estava extinto na Natureza. Foi reintegrado na Tunísia. Pensa-se que a sua população é de aproximadamente 90 seres na Natureza
Apesar de todos estes processos de reintrodução servirem para remediar o desaparecimento das espécies, embora o Jardim Zoológico pretenda prevenir este processo ao sensibilizar e educar as pessoas. Esse processo sendo posto em prática indica que existe a iminência da extinção da espécie, o que não é benéfico para o equilíbrio do ecossistema.