Literacia do Oceano: Escolas, Comunidades e Sustentabilidade

A primeira Conferência Nacional de Literacia do Oceano, realizada no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, nos dias 5 e 6 de dezembro 2024, reuniu educadores, professores, alunos e especialistas para debater uma temática crucial: a importância de entender, respeitar e proteger o oceano. O evento, promovido por entidades ligadas à educação e à sustentabilidade, destacou-se como um marco no esforço nacional para promover uma consciência ambiental nas escolas e nas comunidades.

Durante a conferência, vários professores que têm implementado projetos de literacia do oceano nas escolas de todo o país partilharam experiências e desafios. A opinião foi consensual, apesar de avanços significativos, há muito por fazer.

“Trabalhar a literacia do oceano com os alunos vai muito além de ensinar sobre mares e marés. É uma oportunidade para integrar a ciência, a cidadania e o amor pela natureza”, explicou a professora de inglês e coordenadora do projeto na sua escola. Segundo a mesma, as iniciativas atuais são promissoras, mas falta uma abordagem mais estruturada e recursos adequados para transformar a literacia do oceano numa prioridade no currículo escolar.

Outro educador presente, enfatizou que “a ligação das comunidades escolares ao oceano ainda é muito limitada, especialmente em zonas mais afastadas da costa. É preciso criar uma cultura de valorização do oceano que chegue a todos os estudantes, independentemente da localização geográfica.”

Ao longo do dia foi possível compreender a importância e a necessidade de entender o oceano.  A literacia do oceano é uma componente fundamental para a formação de cidadãos conscientes e responsáveis. Compreender como o oceano regula o clima, fornece alimento, e sustenta a biodiversidade é crucial para enfrentar desafios globais como as alterações climáticas e a poluição marinha. Além disso, a literacia do oceano é uma alavanca para promover economias azuis sustentáveis, que conciliem desenvolvimento e conservação ambiental.

Para o professor Hugo Barbosa, presente na conferência, “é essencial que os jovens compreendam o impacto das suas ações no oceano e vice-versa. Só assim será possível garantir um futuro sustentável.”

O palco da conferência, Pavilhão do Conhecimento, é promissor para a temática. Este espaço, dedicado à ciência e à tecnologia, reflete a essência da literacia do oceano: a necessidade de construir pontes entre o conhecimento científico e a sociedade. Durante o evento, os participantes tiveram a oportunidade de explorar exposições relacionadas com o oceano, assistir a palestras de especialistas e participar em oficinas práticas.

“Eventos como este são fundamentais para inspirar professores e alunos, criando um efeito multiplicador nas escolas e nas comunidades”, destacaram os alunos da Escola Profissional de Campanhã que participaram na conferência.

Embora a conferência tenha evidenciado lacunas no sistema educativo e na sensibilização das comunidades, também reforçou que há vontade e potencial para melhorar. Iniciativas como projetos interdisciplinares em escolas, campanhas de limpeza de praias, e a integração de temas oceânicos nas disciplinas escolares são passos concretos para promover a literacia do oceano.

No final do evento, a mensagem principal foi clara: investir em literacia do oceano é investir num futuro mais sustentável. A mudança começa nas escolas, mas o impacto pode transformar toda a sociedade.

Eduarda Alves e Tita Vieira Sobrado