Em reunião com Manuel Nunes, vereador da Cultura, Ambiente e Natureza, da Câmara Municipal de Lousada, foi-nos esclarecido que esta região não é um destino para turismo de massas, mas sim para um turismo de alojamento local. Muitas pessoas visitam Lousada devido aos seus eventos, por exemplo concertos, o Festival Internacional
das Camélias, as festas grandes (Grandiosas Festas de Lousada) e também a Rota do Românico. Portanto, a nossa vila está ligada ao turismo de habitação, que se encontra em crescimento.
Também neste sentido, o município criou um projeto chamado “BioLousada”, que todos os meses proporciona atividades relativas ao ambiente. O município trabalha no sentido de aproveitar a Natureza, preservando-a. Cria condições para recuperar espaços degradados de forma a trazer mais pessoas. Estes espaços, depois de recuperados, podem ser usados para percursos pedestres, de bicicleta, de cavalo ou para observação de aves.
No que diz respeito ao ambiente, aquilo que este tem para oferecer para que o turismo funcione está a ser feito ao máximo. Por exemplo, existe uma equipa bastante alargada que está no terreno todos os dias a fazer um inventário e a catalogar a fauna, flora e sítios de interesse natural. Após a descoberta destes locais, procede-se à reabilitação dos mesmos
No sentido de descobrir o que é que o alojamento local está a fazer no sentido de manter o turismo sustentável, fomos entrevistar Joana de Castro, proprietária da Quinta de Lourosa.
O que é que a quinta faz em termos de maior aproveitamento da Natureza?
“Esta quinta é um projeto integrado, onde temos agricultura, viticultura e enoturismo, que envolve alojamento e visitas à quinta, integrado na vida da mesma.”
Acha o seu negócio sustentável? Em que termos?
“Quando se fala em agricultura, usam-se tratores, e estes utilizam combustíveis fósseis. Não há tratores a energia solar (risos), portanto, a partir do momento em que estamos a utilizar um trator, que utiliza gasóleo, já estamos a poluir um bocadinho o ambiente, não é? Agora, existem tratamentos que se fazem na vinha, produtos que se chamam sistémicos, que qualquer ambientalista diz que é contra esse tipo de químicos. Se nós não usarmos este tipo de químicos podemos usar outros produtos de contacto, ou seja, que não entram na planta, e que não são tão “perigosos”. No entanto, esses produtos obrigam a uma utilização com mais frequência se quisermos ter uma vinha sempre protegida, o que implica utilizar mais vezes o trator, que por sua vez vai consumir mais gasóleo.
Por outro lado, quanto mais se utilizar o trator, mais o solo fica compactado. Ao compactar o solo, a porosidade natural deste vai ser comprometida, e aqueles microrganismos todos, aquele ambiente completamente natural, deixa de ter vida, não pelo uso dos químicos mas devido à compactação do solo, portanto temos de ponderar tudo isso. Tudo isto tem de ser sustentável e não podemos ser exagerados.
Temos também uma política sustentável no que diz respeito aos resíduos, em termos de reciclagem e em relação à poupança de água: incorporamos um sistema nos autoclismos para desperdiçar menos água. Vamos pôr também e ainda este ano painéis solares.”
O vosso equipamento respeita o ambiente?
“Em termos de mecânica, o tipo de tratores e de pulverizadores tem evoluído muito, por exemplo, os nossos pulverizadores são de baixo volume, ou seja, a quantidade de produto e água é racionada e muito direcionada, levando a uma maior poupança de água.
O tipo de agricultura que fazemos aqui chama-se, em termos de certificação, “produção integrada”. Isto significa que toda a produção que nós temos na cultura da uva é integrada e tenta ser sustentável e obedece a uma série de leis, em que temos de ter tudo registado: só se pode utilizar fertilizante se as análises que se fizerem ao solo provarem que este se encontra com défice de alguma coisa.
Estamos também a fazer experiências que consistem em semear diferentes plantas nos carreiros da vinha para saber se as diferenças nos nutrientes do solo valem ou não a pena estar a semear, de vez em quando, este tipo de plantas.
Portanto, adubações é raro fazermos, mas temos de ter essa gestão de saber o que o solo precisa.”
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