Mães-d’água salvas, dão vida ao Parque das Sete Fontes

Na zona das fontes em Braga facilmente se podem vislumbrar estruturas graníticas restauradas do séc.XVIII, chamadas mães de água. As mães de água são a porta de entrada para o tesouro escondido no subsolo. A água no sub-sola desta zona foi a razão de movimentos civis para a criação do parque ecomonumental das sete fontes.
José Fernandes, frequentador assíduo do Parque das Sete Fontes para prática desportiva.

José Fernandes, frequentador assíduo do Parque das Sete Fontes para prática desportiva.

Após saciar a sua sede, José Fernandes, um desportista diário apaixonado pelas Sete Fontes, desabafa “Não vejo a hora deste espaço estar completamente recuperado” um espaço que, segundo ele, “esconde a melhor e ainda preservada água de Braga”, apontando para uma mãe de água, uma das 6  estruturas graníticas que resistiram às tentativas de destruição. Esta riqueza, que percorre o subsolo desta zona, foi razão para um movimento de proteção de um património hídrico, natural e histórico do  sistema de saneamento que alimentou a cidade de Braga durante centenas de anos.

Em 2020, a população das Sete Fontes respirou de alívio após a proposta pública da CMB sobre o Parque Ecomonumental das Sete Fontes  que, segundo o vereador do urbanismo da câmara de Braga, Miguel Bandeira, “Procura assegurar a conservação e valorização do monumento nacional, a salvaguarda da adução de água ao monumento e a gestão das águas pluviais, drenagem encaminhamento e retenção” referindo ainda que “todo o desenho proposto surge com a preocupação de proteger o sistema naturalizado do lugar onde as referências de intervenção já estão definidas pela história e pela natureza”. As Sete Fontes são um antigo sistema de abastecimento de água da cidade de Braga, datado do século XVIII, embora já fosse comprovado a existência de um sistema deste género na época romana através de escavações arqueológicas. Das minas, a água segue por galerias e condutas de pedra capeadas, apresentando uma série de depósitos à superfície, caracterizados por estruturas cilíndricas com uma cúpula abobadada chamadas “Mães de Água”. Destes depósitos, a água segue para a cidade através de uma conduta, num percurso de cerca de 3500 m.

 

 Legenda foto 2:


Sistemas de canalização de água da Sete Fontes.

Em 2000, o crescimento desenfreado de construções imobiliárias em Braga nas zonas adjacentes às Setes Fontes e a previsibilidade do  Plano Diretor Municipal (PDM) para a construção em alta densidade nas zonas adjacentes a este património, levou à preocupação e movimentações cívicas para tentar travar os lobbies da construção, que cicatrizou a paisagem de Braga e que, segundo Domingos Abreu, secretário da junta de freguesia de S. Vitor, levou a que “Muitas das linhas de água desaparecessem devido às construções edificadas”, acrescenta ainda que  “Chegou a ser projetado para aquele espaço a variante da EN103” que iria atravessar parte daquela área, sem que se conhecessem os efeitos ambientais desta obra, no solo e subsolo, bem como para com o elevado valor histórico e arquitectónico das Sete Fontes que, desde 25 de maio de 2011, se encontra classificado como Monumento Nacional.

Encontra-se neste momento a decorrer a discussão pública do Plano Director Municipal (PDM) para a  área das Sete Fontes, que contempla cerca de 20 hectares de parque verde. É um processo cujo objetivo é promover uma discussão abrangente entre os cidadãos de Braga, em que se apela à participação como um ato de cidadania de modo a contribuir para o maior espaço verde urbano da cidade e o seu valor hídrico e que, de acordo com declaração do vereador de Braga, “todo o desenho proposto surge com a preocupação de proteger o sistema naturalizado do lugar onde as referências de intervenção já estão definidas pela história e pela natureza”.

Qualidade da água serve para desalterar o corpo e alma.

Qualidade da água serve para desalterar o corpo e alma.

Luís Martins