Após saciar a sua sede, José Fernandes, um desportista diário apaixonado pelas Sete Fontes, desabafa “Não vejo a hora deste espaço estar completamente recuperado” um espaço que, segundo ele, “esconde a melhor e ainda preservada água de Braga”, apontando para uma mãe de água, uma das 6 estruturas graníticas que resistiram às tentativas de destruição. Esta riqueza, que percorre o subsolo desta zona, foi razão para um movimento de proteção de um património hídrico, natural e histórico do sistema de saneamento que alimentou a cidade de Braga durante centenas de anos.
Em 2020, a população das Sete Fontes respirou de alívio após a proposta pública da CMB sobre o Parque Ecomonumental das Sete Fontes que, segundo o vereador do urbanismo da câmara de Braga, Miguel Bandeira, “Procura assegurar a conservação e valorização do monumento nacional, a salvaguarda da adução de água ao monumento e a gestão das águas pluviais, drenagem encaminhamento e retenção” referindo ainda que “todo o desenho proposto surge com a preocupação de proteger o sistema naturalizado do lugar onde as referências de intervenção já estão definidas pela história e pela natureza”. As Sete Fontes são um antigo sistema de abastecimento de água da cidade de Braga, datado do século XVIII, embora já fosse comprovado a existência de um sistema deste género na época romana através de escavações arqueológicas. Das minas, a água segue por galerias e condutas de pedra capeadas, apresentando uma série de depósitos à superfície, caracterizados por estruturas cilíndricas com uma cúpula abobadada chamadas “Mães de Água”. Destes depósitos, a água segue para a cidade através de uma conduta, num percurso de cerca de 3500 m.
Em 2000, o crescimento desenfreado de construções imobiliárias em Braga nas zonas adjacentes às Setes Fontes e a previsibilidade do Plano Diretor Municipal (PDM) para a construção em alta densidade nas zonas adjacentes a este património, levou à preocupação e movimentações cívicas para tentar travar os lobbies da construção, que cicatrizou a paisagem de Braga e que, segundo Domingos Abreu, secretário da junta de freguesia de S. Vitor, levou a que “Muitas das linhas de água desaparecessem devido às construções edificadas”, acrescenta ainda que “Chegou a ser projetado para aquele espaço a variante da EN103” que iria atravessar parte daquela área, sem que se conhecessem os efeitos ambientais desta obra, no solo e subsolo, bem como para com o elevado valor histórico e arquitectónico das Sete Fontes que, desde 25 de maio de 2011, se encontra classificado como Monumento Nacional.
Encontra-se neste momento a decorrer a discussão pública do Plano Director Municipal (PDM) para a área das Sete Fontes, que contempla cerca de 20 hectares de parque verde. É um processo cujo objetivo é promover uma discussão abrangente entre os cidadãos de Braga, em que se apela à participação como um ato de cidadania de modo a contribuir para o maior espaço verde urbano da cidade e o seu valor hídrico e que, de acordo com declaração do vereador de Braga, “todo o desenho proposto surge com a preocupação de proteger o sistema naturalizado do lugar onde as referências de intervenção já estão definidas pela história e pela natureza”.
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