Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revela que esta problemática “é pior do que se suspeitava”. Portugal em 2020 desperdiçou cerca de 1.89 milhões de toneladas de alimentos, sendo em média 183.6 Kg de alimentos desperdiçados.
Ficou demonstrado que as famílias portuguesas são a causa maior da perda de alimentos, com mais de 1.2 milhões de toneladas de alimentos desperdiçados por ano; a restauração vem a seguir, com mais de 237 mil toneladas desperdiçadas, sendo cerca de 600 milhões de toneladas de comida deitada para o lixo sem sequer chegar ao prato do consumidor; no comércio e na distribuição, cerca de 214 mil toneladas, na produção primária, mais de 101 mil toneladas desperdício alimentar e na indústria alimentar, com cerca de 61 mil toneladas desperdiçada.
O desperdício alimentar não é só um problema social e o seu impacte no ambiente é enorme, estima-se que 25% do aquecimento global seja resultado de emissões de gás metano da descomposição de alimentos não colocados em aterros sanitários.
Existe também impacte na agricultura, já que cerca de 30% de comida cultivada acaba por ser desperdiçada segundo a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations). Enquanto se desperdiça comida, desperdiça-se também os recursos que foram utilizados para a sua produção, como é o caso da água ou do solo, por exemplo, 1Kg de bananas deitadas fora é o mesmo que deixar a torneira a correr durante 84 minutos.
Algumas estratégias poderão ser utilizadas para reduzir o desperdício alimentar, tais como: aprender a interpretar prazos de validade, cozinhar sem desperdiçar, aproveitar o máximo dos ingredientes, saber armazená-los de forma a que durem mais tempo possível e planear de forma rigorosa uma lista de compras.
Com vista a diminuir o desperdício alimentar dos restaurantes, supermercados e pastelarias, reduzindo também os prejuízos, foram desenvolvidos alguns projetos tais como o Too Good To Go, Fridge, Refood, Shpock e muitos outros, a fim de dar aos alimentos uma segunda chance. Assim, as sobras de comida que iriam para o lixo que ainda são comestível são vendidas a um preço mais acessível ou doadas para a população em geral ou com mais necessidades.
As crianças e jovens deverão seguir o velho ditado “não deves ter mais olhos que barriga!”, e ser educados, desde “pequeninos”, a colocar no prato apenas aquilo que vão comer, por forma a reduzir os desperdícios alimentares em casa e cantinas escolares.