Mãos na terra: redescoberta da Ciência e da Sustentabilidade

A turma do 2.º A da Escola Básica de Fundo de Vila, do Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite, teve uma experiência educativa que se revelou, simultaneamente, muito divertida - a realização de sementeiras. A atividade teve como objetivo primordial ensinar as crianças sobre a importância da agricultura e da preservação da natureza.

Na Escola Básica de Fundo de Vila, o pátio encheu-se de cor, curiosidade e vida. Os alunos, com a devida orientação da professora e o apoio entusiástico das famílias, embarcaram numa experiência educativa marcante: uma aprendizagem sobre as sementeiras. No entanto, esta não foi uma simples atividade de jardinagem, tendo-se revelado, antes, uma aula viva na qual imperaram a ciência, a responsabilidade e a criatividade.
A primeira etapa foi a construção dos vasos, a partir de materiais reutilizados, como latas, garrafas e garrafões de plástico. Esta escolha não aconteceu por acaso, uma vez que a reutilização de materiais é uma estratégia que contribuiu para a aprendizagens em torno dos conceitos de sustentabilidade e de economia circular. Segundo a ciência ambiental, uma garrafa de plástico pode demorar mais de 400 anos a decompor-se na natureza. Ao transformá-la em vaso, os alunos deram-lhe uma nova função, prolongando, assim, o seu ciclo de vida, de forma útil e criativa.
Já com os vasos prontos e bem coloridos, cada criança escolheu que sementes plantar: salsa, grão de bico, ervilhas, brócolos e alface foram algumas das eleitas. Enquanto enterravam as sementes na terra, aprenderam que cada planta tem exigências diferentes de luz, água e temperatura e que o solo é um verdadeiro universo microscópico repleto de vida. Sabiam, por exemplo, que uma colher de chá de solo saudável pode conter até mil milhões de microrganismos? São estes seres invisíveis que ajudam as plantas a crescer, transformando os resíduos orgânicos em nutrientes.
Durante a plantação, as conversas giraram em torno do ciclo de vida das plantas, desde a germinação até à colheita, tendo os alunos descoberto que o grão de bico, por exemplo, pertence à família das leguminosas, tendo a capacidade especial de fixar azoto no solo — um processo que melhora a fertilidade da terra sem qualquer necessidade de fertilizantes químicos. A verdade é que, para muitos alunos, esta foi a primeira vez que semearam uma semente. O entusiasmo era evidente, assim como a ansiedade por verem os primeiros rebentos…
Esta experiência não só proporcionou a aquisição de conhecimentos científicos, mesmo em tão tenra idade, como também incentivou o trabalho em equipa, o sentido de responsabilidade e a ligação afetiva e efetiva com a natureza. Além disso, despertou uma reflexão importante sobre a alimentação. Plantar vegetais. como brócolos e alface, permite que as crianças discutam sobre o valor nutritivo destes alimentos, essenciais para uma dieta equilibrada. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o consumo regular de legumes e verduras está associado à prevenção de várias doenças, incluindo a obesidade infantil.
A Escola Básica de Fundo de Vila demonstra, através desta iniciativa, que a aprendizagem pode (e deve) sair dos livros procurando enraizar-se na realidade, na medida em que atividades como esta cultivam mais do que plantas — cultivam consciência, cidadania e uma nova geração mais atenta ao mundo natural. É, sem dúvida, uma forma de se semear conhecimento!…

Carolina Maia , Maria João Castro