O Litter Less Campaign assume-se como um projeto que tem como principal mote alertar os jovens para um dos problemas ambientais mais em voga, a poluição através dos resíduos, assim como desenvolver nestes a vertente comunicativa e de educação cívica e ambiental. Com o crescimento a pique da população a nível mundial e o seu estilo de vida cada vez mais assente no desperdício e nos exageros é quase que inevitável que a quantidade de resíduos produzida seja cada vez maior. E uma grande parte desses resíduos tem como principal destino o mar. Os números falam por si: estima-se que por ano sejam produzidas 8 milhões de toneladas de lixo em todo o Globo. Quem o confirma é a Dr. Paula Sobral, professora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e Presidente da Associação Portuguesa do Lixo Marinho, uma das convidadas da Mini-missão Litter Less 2017, que teve a Ericeira como vila anfitriã e que contou com o apoio à organização da Câmara Municipal de Mafra. Numa breve palestra sob o olhar atento dos Jovens Repórteres e os seus professores, a Presidente da APLM alertou para o facto de grande parte dos resíduos não estar visível a olho nú: o ser humano consegue ver apenas 30%. Fragmentos de plástico, aros de garrafas de plásticos, beatas, e, por exemplo, esferovite são apontados como alguns dos resíduos que mais se encontram nas Praias. Mas se na atualidade somos constantemente bombardeados com informação proveniente dos mais diversos meios de comunicação social, porque é que a maioria das pessoas continua a poluir o ambiente com gestos irresponsáveis e completamente desnecessários? “ “Falta de educação e formação. Muitas pessoas têm tanta informação que acham que não tem nada a haver com elas.”- estas são as principais causas apontadas por Paula Sobral que explicam os gestos irresponsáveis dos portugueses e também de grande parte do resto da população mundial. Segundo a mesma, também o escalão etário que frequenta cada praia explica bem a quantidade de lixo aí encontrada: as crianças até aos 10 anos de idade são bastante receptivas à questão da poluição do mar. Esta deixa ainda o apelo: “ Juntem-se a nós e participem nas várias ações de limpeza de praias que fazemos ao longo do ano, em especial no mês de Setembro no qual comemoramos o Dia Nacional da Limpeza de Praias.”
Após a elucidativa palestra na qual os Jovens Repórteres e os seus professores ficaram a conhecer um pouco melhor os principais materiais que poluem o mar e as praias, estes meteram literalmente as mãos na massa, neste caso na areia. Em praias aparentemente limpas os recursos disponíveis quase que se mostraram insuficientes para a difícil tarefa de “apanhar” os mais caricatos objetos: desde chaves de casa, passando por pens e inclusive por sapatos. Mas o material que mais atormentou os voluntários foi, sem margem para dúvidas, o esferovite: a quantidade deste material, que se apresentava em pedaços maiores ou em pequenas bolas, mostrou-se preocupante. Ainda assim, os voluntários Litter Less desempenharam de forma meritória a sua tarefa e contribuíram para a melhor qualidade da estadia de futuros veraneantes na zona Oeste do nosso país.
E uma das principais imagens de marca da Ericeira e da sua área envolvente é seguramente o surf. Esta modalidade é cada vez mais uma modalidade em voga no nosso país, e cada vez são mais os portugueses que apostam nesta atividade desportiva, assim como pessoas vindas de outros países que escolhem Portugal e a Ericeira como o local predileto para a prática da modalidade. Assim, era inevitável a passagem pela Reserva Mundial do Surf. De referir que a Ericeira tornou-se Reserva Mundial do Surf no dia 14 de outubro de 2011 e faz parte de uma lista restrita, assumindo um lugar de destaque na Europa pelo facto de ser a única Reserva Mundial de Surf a nível Europeu. Vários são os surfistas que destacam a unicidade das ondas da Ericeira, incluindo Tiago Saca Pires, um dos grandes surfistas portugueses que mais cartas deu no estrangeiro e um dos de maior renome no nosso país : este afirma que estas ondas são de tal forma especiais e únicas que quase que parece que foram desenhadas à mão. Neste âmbito, miúdos e graúdos tiveram ainda o privilégio e a oportunidade de se aventurarem numa aula de Surf, enquanto que os mais novos se divertiam com uma gincana que punha à prova as aptidões físicas e o nível de conhecimento sobre o tempo que materiais como por exemplo uma lata de refrigerante ou uma galocha demoram a decompor-se no meio ambiente.
Mais um ano, mais uma Mini-missão Litter Less. Esta foi sem dúvida uma missão que não só promoveu a cidadania ambiental, como também certamente ajudou a mudar muitas mentalidades, alertou para a grave problemática de que a poluição das praias e do mar é sinónima e ainda serviu para um saudável convívio e troca de ideias entre repórteres e professores vindos dos quatro cantos do país. O objetivo mais uma vez foi sem dúvida cumprido e o espírito de cooperação entre voluntários que até então se desconheciam entre si superou as expetativas.
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