Não há vida sem água!

Cerca de 70% do nosso planeta é constituído por água. No entanto, apenas cerca de 3% é água doce, e destes, dois terços encontram-se retidos nos glaciares, restando apenas 1% de água disponível para utilização humana. Estes 1% de água doce disponível, a que correspondem cerca de 13 600 000 km3, seriam, de acordo com a Organização das Nações Unidas, mais do que suficientes para suprir às necessidades de toda a população mundial, não fossem as más práticas que conduzem a um elevado desperdício e à poluição deste recurso em todo o mundo.

Pela importância deste recurso natural, o ano de 2013 foi proclamado pela ONU como o Ano Internacional da Cooperação da Água. A cooperação pela água é fundamental para a igualdade social, igualdade de género e a erradicação da pobreza. Todos podemos e devemos assumir um papel ativo nesta tarefa com as nossas ações diárias e com as nossas palavras. Por isso, decidi escrever uma carta endereçada a quem quer que a leia, sobre um dos nossos mais importantes recursos: a água.

Lisboa, 26 de abril de 2013

Querido leitor,

Porquê? Uma palavra tão simples e no entanto causadora de tantos problemas. Porque é que crianças, filhos e filhas, irmãos e irmãs, pais e mães morrem? Não terão eles direito a tudo o que eu tenho?

Por ano, cerca de 1,8 milhões de pessoas morrem devido a doenças transmitidas pela água contaminada. Então e eu? Eu que por cada vez que vou à casa de banho gasto 6 a 10 litros de água. Eu que tomo duches de dez minutos sem sequer me preocupar ou pensar que muita gente não chega a utilizar diariamente a água, da qual eu usufrou durante o duche.

Existem mais crianças, como eu, que vivem sem preocupações, sem terem de pensar se haverá água amanhã. E as outras? As que têm de se preocupar, que não vão à escola porque precisam de encontrar água, que morrem porque não a encontram. E elas? Já são precisas mais do que duas mãos cheias para contar as crianças mortas, por dia, devido à falta de água potável. Como é que podemos fechar os olhos a este problema? Como é que podemos fingir que não vemos o que está a acontecer?

De toda a água do mundo um pouco menos de 3% é doce. Destes apenas temos disponível 31,1%. A restante água doce encontra-se em glaciares e calotes polares. Como se não bastasse, o que temos estamos a estragar. Na agricultura são utilizados adubos artificiais que poluem os cursos de água doce. Os resíduos da indústria são muitas vezes lançados aos rios sem qualquer tipo de tratamento, causando a morte a muitos seres vivos e impossibilitando o uso dessas águas para consumo.

Desde pequena que me ensinaram a poupar, a partilhar e a arrumar o que desarrumei. Será preciso ensinar estas regras a todo o mundo, de novo? Poupem a água, não a esbangem. Partilhem-na com quem não tem acesso a esta e sobretudo não a estraguem, protejam-na e estimem-na.

A mudança depende de todos. É preciso agir, falar deste problema às pessoas. Ensiná-las a poupar os nossos recursos. Ensiná-las a dar o exemplo aos mais novos. Dizer-les que fechem as torneiras enquanto lavam os dentes, que reguem os seus jardins durante a noite para que a água seja toda ela aproveitada pelas plantas em vez de se evaporar.

É preciso dizer-lhes que não há vida sem água. Que é um bem precioso indespensável a todas as atividades humanas. Mas sobretudo que é de todos.

Um abraço cheio de esperança,

Leonor

Leonor Ferreira