Como começou a missão do “The Trash Traveler”?
Vim para Portugal para começar a trabalhar como biólogo num laboratório. Sempre que podia, ia surfar as belas ondas do mar. Mas sempre senti que algo não estava muito bem. Surfava durante algum tempo e via muito plástico a flutuar à minha volta! Já não podia ficar só a olhar! Embora gostasse do trabalho que desempenhava, queria fazer algo contra este problema, porque, se destruirmos o nosso planeta como o estamos a fazer agora, não será possível cá viver dentro de alguns anos e precisamos de proteger o que é o nosso maior e mais importante ecossistema, os oceanos. Por isso demiti-me e aqui estou eu…
Como avalia o impacto das suas ações na sociedade?
Durante meio ano estive a limpar as praias e a produzir um vídeo com uma canção de ukulele para as redes sociais. Foi divertido, mas, no final, não foi assim tão bom, porque apenas as pessoas utilizadoras das redes sociais que estavam conscientes sobre o problema podiam debater sobre o mesmo. Eu queria fazer algo diferente, com ações de sensibilização mais “loucas” e inovadoras, que fossem totalmente diferentes, para “abrir os olhos” de outras pessoas. O objetivo era alcançar o maior número de pessoas possível para pensar sobre o assunto. Agora, eu diria: “Estou muito feliz com o impacto e com a forma como o posso medir”. Muitas pessoas vêm ter comigo com mensagens positivas, e agradecem-me por as ter trazido até aqui.
Qual foi o episódio mais marcante ao longo destas aventuras?
O episódio que mais me marcou e motivou a minha missão aconteceu num dia, depois de uma tempestade. Eu estava na praia e o rio trazia todo o lixo para o oceano. Mas não ia parar ao mar, mas sim, à praia. Penso que nunca estive assim tão perto de uma tempestade. Havia mais plástico do que eu conseguia transportar! Foi uma experiência muito chocante, mas também muito importante!
Qual foi a coisa mais estranha que apanhou na praia?
Infelizmente encontra-se tudo na praia! A coisa mais estranha foi uma boneca, com uma cara muito assustadora. Apanhei-a, mas fiquei um pouco confuso sobre o porquê de a estar a apanhar e como aquele pequeno objeto foi parar ao mar! Talvez esta boneca até fosse bonita, mas foi parar ao oceano, não gostou da experiência, e voltou com uma mensagem: “Diz-me! O que estou eu a fazer no oceano!?”
O que é mais importante nas ações realizadas?
Em dois meses recolhi 1,6 toneladas de plástico. Esta quantidade é apenas uma pequeníssima gota dos 8 milhões de toneladas que entram no oceano por ano. Compreendi muito rapidamente que não se trata de limpeza. É simplesmente impossível limpar tudo! É mais importante aumentar a consciencialização. Chamo sempre as pessoas para virem à praia ajudar com a limpeza, mas no fim, digo-lhes “Não se trata de limpar”, e perguntam, com ar de espanto: “Porquê!?”. “Só estamos aqui porque queremos mostrar que temos vontade de limpar, mas se voltarmos daqui a umas horas, a praia estará quase igual, porque o oceano traz de volta demasiado plástico, e a limpeza é em vão”. Portanto, são necessárias outras soluções, por exemplo: “Como mudar este sistema, onde 8 milhões de toneladas de plástico vão parar ao oceano todos os anos?”
Há alguma mensagem que gostasse de deixar à sociedade?
Estamos no caminho certo! É necessário termos uma abordagem muito positiva em relação a este assunto. Não precisamos de fazer tudo na perfeição e livrarmo-nos de todo o plástico que temos, porque é muito difícil fazê-lo atualmente. Mas, se tentarmos, o nosso planeta e futuro tornar-se-ão muito melhores!
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