A Serra de Aire e Candeeiros é uma elevação do Maciço Calcário Estremenho no Sistema Montejunto-Estrela, em Portugal Continental, com 610 metros de altitude. Situa-se nos concelhos de Rio Maior, Alcobaça e Porto de Mós, marcando a fronteira entre o Ribatejo e o Oeste. O Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros é uma área protegida de 38 900 hectares. Nesta serra, a rocha mais abundante é o calcário, uma rocha sedimentar química formada a partir da precipitação de carbonato de cálcio em água. O mineral principal desta rocha é a calcite. O Parque Natural das Serras de Aire e candeeiros é considerado a zona calcária mais importante de Portugal.
Nesta serra podemos distinguir várias paisagens sedimentares (modelado cársico), entre elas, podem citar-se: Terra Rossa, Campos de Lapiás, Dolinas, Uvala, Polje e Marmita do Gigante. Os últimos quatro relevos cársicos mencionados são relativos a diferentes tipos de depressões, diferenciando-se em tamanho, forma e até no processo de formação. A Terra Rossa é uma argila vermelha resultante da erosão do calcário. Os Lapiás são formados inicialmente pela dissolução do calcário. Após a erosão da camada superficial do solo, as rochas são expostas e a sua dissolução continua a expandir as fendas. Eventualmente as rochas são completamente separadas.
Existem inúmeras grutas na serra. A água intervém na formação destas grutas, onde, no decorrer do seu ciclo, absorve grandes quantidades de dióxido de carbono quando atravessa a atmosfera e se condensa para, posteriormente, se precipitar sobre a terra em forma de chuva. Nas zonas calcárias, quando chove, estas águas espalham-se no solo em todas as direções e escoam pelas fendas, aumentando-as, quer pela erosão mecânica natural, quer pela reação química causada pela presença de dióxido de carbono.
Fórmula geral da dissolução do calcário: H2O + CO2 → H2CO3 → H+ + HCO–3, em que H2CO3 é o ácido carbónico e HCO–3 é o ião hidrogenocarbonato.
Com o contínuo desgaste da rocha, formam-se então as grutas, cavidades abertas no solo. Uma parte das águas vai, naturalmente, sofrendo o fenómeno de evaporação, diminuindo, assim, a quantidade de dióxido de carbono que nela existia inicialmente. Esta operação conjugada com a infiltração das águas origina pequenas gotas que caem do teto e a formação de carbonato de cálcio, que, sendo insolúvel, fica suspenso dos tetos sob formas sólidas coniformes, que vão “crescendo” lentamente – estalactites. No entanto, se as gotas, devido a uma permeabilização mais intensa, se desprendem mais rapidamente e de uma forma regular dos tetos, o fenómeno químico concretiza-se, fazendo com que as formações cresçam a partir do chão – estalagmites.
As grutas são compostas por diversos elementos, entre os quais se destacam as estalagmites, estalactites, colunas, rios subterrâneos, galerias e algares. A formação de colunas resulta do contínuo crescimento das estalagmites e das estalactites e da consequente junção destes elementos. Os rios subterrâneos resultam da acumulação da água que se infiltra na gruta. Quanto aos algares, estes são poços naturais através dos quais as águas de escorrência superficial descem para as camadas mais profundas. As galerias formam-se quando a água com dióxido de carbono dissolve o calcário e alonga a conduta inicial, ou seja, resulta da dissolução da base da camada calcária.
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