Rumo à Deserta Grande, ilha pertencente à Reserva Natural das Ilhas Desertas, o Navio da República Portuguesa de Viana do Castelo (N.R.P. Viana do Castelo), também nomeado como navio da Marinha, parte do porto do Funchal, pela manhã do dia onze de abril de 2014.
A viagem leva marinheiros de lápis e papel, jovens estudantes atingidos pelo mistério da Deserta Grande, pela curiosidade infinita de conhecer a ilha que avistam das janelas dos seus quartos, quando ela não se esconde por trás do nevoeiro.
Já no N.R.P. Viana do Castelo, a caminho desse um paraíso, sentimos o quão poderoso e vivo é o mar. Os salpicos das ondas interrompidas fizeram-nos sentir, na pele iluminada pelo sol, a frescura, a limpidez e a força do elemento marítimo.
A Pérola do Atlântico, como é conhecida a Região Autónoma da Madeira, oferece, àqueles que a habitam e àqueles que a visitam, uma diversidade de paisagens que maravilham, inequivocamente, qualquer pessoa. Entretanto, há quem opte por explorar este tesouro madeirense ao ir numa marítimo-turística, avistar o que há de melhor nesta área maravilhosa do Oceano Atlântico, as Ilhas Desertas.
O olhar perpassa as águas límpidas: golfinhos, baleias, cachalotes surgem, imponentes, quais sabedores da sua importância na fauna marinha.
Nesta aguarela pintada a azul, os turistas são convidados a praticarem diversas actividades desportivas como, mergulho, surf, passeios de barco, canoagem, entre outros. Através dessas actividades, pode-se entrar em contato com a mãe natureza, explorar a vida marinha contida no fundo oceânico e, deste modo, observar a enorme variedade de espécies, à luz da transparência das águas, que revela o mar madeirense como um baú ecológico, o qual tem de ser preservado.
Durante a viagem, a minha curiosidade não se limitou apenas ao mar. O navio que nos transportava, o N.R.P. Viana do Castelo é uma embarcação tripulada por 42 militares e realizou a sua primeira rendição na RAM. Foi na Região que teve várias funções, tendo inclusive participado em operações de regaste e procura de cadáveres. Uma das suas principais funções é proteger a biodiversidade dos mares da região e das Ilhas Desertas.
A embarcação e a respetiva tripulação estão excelentemente preparadas e equipadas, de modo a realizarem a sua função da melhor maneira possível. Entre garantir a rotação de funcionários e reposição de suplementos da Reserva Natural e patrulhar as águas do Atlântico, o N.R.P. Viana do Castelo tem um papel importante na defesa da vida marinha, ao lidar com a pesca ilegal e deste modo preservar os ecossistemas.
Este navio, poderoso na sua imponente missão, levou-me até à Deserta Grande. Quando aí chegámos, pude verificar de imediato a beleza que se sobressaía das esplêndidas encostas íngremes e o brilho fascinante e natural que o mar circundante oferecia.
Em busca do saber, juntei-me ao Sr. Roberto Soares, vigilante da Reserva, que me orientou, com a companhia dos meus colegas, numa visita guiada aos locais que nos eram acessíveis, como o hospital dos lobos-marinhos e a casa dos guardas, construída em 2005.Nessa mesma caminhada, o Sr. Soares mencionou várias curiosidades interessantíssimas acerca das ilhas e dos seres vivos que aí abundam.
Da informação fornecida, destacou-se a fauna marinha da maravilhosa Deserta Grande, que é semelhante à do resto do arquipélago, apresentando afinidades europeias e mediterrânicas, sobretudo a nível dos peixes e crustáceos do litoral. Neste ambiente aquático, poder-se-á encontrar várias espécies, cujos nomes comuns são, peixe-cão, peixe-porco, caranguejo-aranha, grande anémona, bodião e tartaruga-comum.
É de destacar também a presença de lobos-marinhos, que é um fator que carateriza muito as Ilhas Desertas. O lobo-marinho é a foca mais rara do mundo e a sua população tem vindo a aumentar e alargar a sua área de distribuição no arquipélago, desde a criação da reserva em 1995. Esta população é constituída entre 35 a 40 indivíduos. O lobo-marinho alimenta-se essencialmente de peixe, polvo e lulas. O macho pode atingir aos 300kg. Devido à pureza das águas madeirenses e à abundância de vida marinha e à diversidade de alimento, o lobo-marinho consegue habituar-se e colonizar-se neste arquipélago único e ecologicamente ativo.
Por fim, chegara a hora de partirmos de regresso à belíssima capital madeirense. Regressámos ao navio da Marinha, onde mantivemos um longo discurso durante a viagem com os vários militares, pois já era hora de nos despedirmos daqueles que enfrentam a sua vida no mar. Foi de facto gratificante ter participado nesta aventura tão fascinante e decididamente inesquecível.
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