Rui Bernardino, veterinário há mais de 20 anos no Jardim Zoológico de Lisboa, demonstra o quanto tem apreço pela sua profissão e afeto pelos animais, contando diversas histórias vividas no dia a dia do seu trabalho. Rui partilha a história da cirurgia que ficou para sempre marcada na sua vida. Enquanto estagiava, inesperadamente, realizou a sua primeira cirurgia, pois acompanhava um veterinário experiente, tendo terminado com o bisturi nas mãos.
Este veterinário aprimorou uma técnica cirúrgica pouco invasiva, onde não é necessário fazer um corte no abdómen inteiro do animal, contando apenas com pequenas incisões, onde se consegue ter acesso ao local pretendido, diminuindo assim o risco de infeção após a cirurgia. Por exemplo, no caso do leão, que tem a língua áspera e pode facilmente abrir os pontos.
Questionado sobre os perigos da profissão, o veterinário afirma que todas têm os seus riscos, principalmente quando se trabalha com animais selvagens. No entanto, são os veterinários de animais domésticos como cães e gatos que causam mais danos a estes profissionais. O contacto homem-animal no Jardim Zoológico é praticamente nulo, onde os tratadores e veterinários tentam limitar ao máximo o contacto para não interferir no comportamento natural do animal.
Como habitualmente os animais ocultam sintomas de doenças ou mazelas, os veterinários tentam atuar preventivamente, realizando check-ups com frequência. Este comportamento de ocultação de sintomas é uma forma dos animais não parecerem tão fracos perante os outros da mesma espécie e serem atacados por apresentarem um perigo à sobrevivência do grupo.
As intervenções veterinárias mais comuns estão relacionadas com os traumatismos. Por serem animais selvagens que lutam pelo território. O número de traumas diminuiu drasticamente devido ao enriquecimento ambiental, consistindo em dar ao animal as melhores condições de bem-estar físico e psicológico.