O palácio de Monserrate: um tesouro da engenharia e arquitetura energética

Segundo o relatório publicado pelo executivo comunitário Portugal está a passar por uma crise de pobreza energética, porém não é um problema novo, para quem entra no palácio de Monserrate depara-se com os sistemas de aquecimento e outros equipamentos de conforto para uma classe alta que residia naquele edifício.

O inverno chegou e com isto há alertas para a pobreza energética. Segundo a agência Lusa, Portugal regista, em 2023, as percentagens mais elevadas de pessoas incapazes de manter a sua casa aquecida, chegando aos 20,8% da população, estando ao mesmo nível que a Espanha em termos de percentagem.

Sistema de aquecimento por água quente

Antigamente não era diferente, apenas as classes mais altas tinham acesso ao conforto, como é o caso do palácio de Monserrate com lareiras generosas, grandes janelas que aproveitavam a luz solar, um sistema de aquecimento que usava as propriedades físicas da água quente e sistemas de ventilação natural.  A iluminação era providenciada por velas, que além de iluminar, também aquecem os ambientes, podendo representar um risco para a saúde e de incêndio.

A distribuição de refeições era feita por meio de elevadores com sistema de roldanas, e a água era captada diretamente da serra, abastecendo não só a casa, mas também os imensos jardins.

No entanto, o palácio de Monserrate que conhecemos atualmente não é o original, a primeira estrutural, construída em 1540, foi destruída pelo terremoto de 1755 e reconstruída diversas vezes ao longo dos séculos. Foi sob a propriedade de Francis Cook, no século XIX, que o palácio adquiriu a sua aparência atual.

Sistema de elevador por cordas

A comparação entre o passado e o presente leva a refletir sobre a evolução da nossa relação com a energia. Enquanto no passado, o conforto dependia de soluções simples e engenhosas, hoje temos à disposição uma gama de tecnologias complexas que não garantem o bem-estar de todos.

A visita a Monserrate é uma oportunidade de apreciar a beleza arquitetónica e paisagística, mas também de refletir sobre as desigualdades sociais.

Alice Fernandes, Íris Matos, Madalena Lavado