Os meses de janeiro e fevereiro contaram com diversos de cancelamento de voos que tinham como destino o Aeroporto do arquipélago da Madeira.
Tanto a altas como baixas altitudes, os ventos ultrapassaram os limites permitidos para que a aterragem pudesse ser bem-sucedida e segura para todos os passageiros. A população local também se viu afetada com as condições atmosféricas.
Alguns produtores agrícolas viram as suas plantações destruídas pelas fortes rajadas de vento. O prejuízo acentuou-se nas estufas e toda a sua estrutura exterior, assim como, nos bananais e material de suporte desta produção. Os agricultores não esperavam encontrar muitos danos, mas a realidade mostrou-se diferente do expectável.
Segundo Vítor Prior, responsável pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera na Região Autónoma da Madeira, este fenómeno deveu-se à posição do anticiclone a norte dos Açores e a uma depressão no norte de África, também centrada na Península Ibérica. Este conjunto de fatores provocou um aperto nas Isóbaras, que quando estão mais próximas, a velocidade do vento tende a ser maior. Assim sendo, as fortes rajadas que se fizeram sentir resultaram da posição destes grandes sistemas de ação – anticiclones e depressões.
Vítor Prior, afirma ainda que apesar deste tipo de acontecimentos já terem ocorrido, não se desenvolveram com tanta intensidade, “as pessoas não têm memória para este tipo de fenómenos meteorológicos”. De acordo com a sua perspetiva, estes tipos de situações podem acontecer desde o mês de novembro a março, pois não se trata de algo que esteja fora do comum meteorológico. Reforça por isso, que não existe motivo para alarme.
No que respeita ao tráfego no mar, este também teve de aguardar por um melhor estado de tempo. O navio “Lobo Marinho” que efetua viagens até ao Porto Santo, estabeleceu comunicações com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera da Região Autónoma da Madeira, o qual o aconselhou para saídas mais tardias de forma a prosseguir com a sua travessia. Vítor Prior, afirma também que tanto a população como os transportes da região costumam consultar o site do IPMA.
O Aeroporto da Madeira, mais conhecido por Aeroporto Cristiano Ronaldo, revela desde algum tempo ser um local muito recetivo a ventos fortes, no entanto este foi o melhor espaço encontrado, tendo em conta o relevo da ilha. O responsável pelo IPMA no arquipélago, refere que no passado foram realizados estudos e considerou-se o Paúl da Serra com cerca de 1500 metros de altitude para possível local de aeroporto. Não constituiu de certo uma opção a tomar, pelos ventos ainda mais intensos a uma velocidade de 116 km por hora e pela falta de visibilidade acompanhada de nevoeiro, chuvas e nuvens.
Em relação às previsões, a situação crítica parece regularizar-se com ventos moderados, mas Vítor Prior relembra a importância da população se consciencializar que a época de inverno ainda está em curso e por isso, não existe necessidade para alarme meteorológico.
João Rodrigues, taxista madeirense com mais de 40 anos de serviço, não se recorda de sentir rajadas de vento tão fortes como as de fevereiro. Afirma que estas condições meteorológicas e temperaturas baixas costumavam aproximar-se no mês de dezembro. Confessa também que o tempo não tem ajudado muito a sua profissão e dos seus demais colegas, porque apesar de haver uma maior necessidade da população se deslocar e prosseguir com o ritmo normal de vida, o risco de transporte nas estradas continua a estar bastante acentuado.
A “Pérola do Atlântico” como é assim conhecida em todo o mundo, tem recebido algumas atenções devido ao número de voos cancelados. Os visitantes e turistas continuam a persistir e a manter a ilha da Madeira nos seus destinos de eleição, com ou sem bom tempo.
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