O CiB – Centro de Informação de Biotecnologia – organizou, a 27 de Setembro de 2006, uma visita a campos de milho transgénico da região de Elvas, atividade onde participaram vários agricultores e jornalistas tendo como objetivo a explicação dos próprios agricultores de como esta tecnologia pode ser uma alternativa na agricultura portuguesa e os motivos pelos quais escolheram produzir variedades geneticamente modificadas nos seus campos. A propriedade visitada pertencia a José Maria Rasquilha, o maior produtor de milho Bt em Portugal, onde foi possível observar a colheita.
Porquê utilizar milho transgénico em vez do milho normal?
Durante a visita verificou-se a boa qualidade e homogeneidade do milho produzido, tal como a total ausência da broca – larvas das espécies Sesamia nonagrioides e Ostrinia nubilalis – , uma praga que pode destruir desde 20 a 60 por cento da cultura convencional em algumas regiões do nosso pais. “Um dos bichinhos que mais atacam o milho e a folha do milho, e depois até o grão do milho, é a lagarta (…) O que é que este OGM fez? Através de cruzamentos e através da genética, conseguiu-se que as plantas fossem resistentes às lagartas.” afirmou um dos agricultores presente nesta atividade.
No entanto, o agricultor José Eduardo Gonçalves, esclarece ainda numa entrevista à Rádio Elvas que o milho utilizado na alimentação humana não pode ser proveniente de milho geneticamente modificado que por sua vez é utilizado na alimentação animal. Contudo a rentabilidade da produção de milho na região de Elvas pode aumentar em cerca de 15 a 20 por cento se forem cultivadas variedades transgénicas, também denominadas como organismos geneticamente modificados – OGM’s.
Alguns dos benefícios da produção de milho Bt são: a redução do uso de pesticidas, a redução de custos de produção, o aumento da qualidade do produto, a garantia de máxima produtividade, a redução de impactos ambientais e benefícios financeiros para os agricultores.
Quais os impactes no ambiente, ecossistema e na saúde? Relativamente à saúde temos a axposição dos seres humanos a novos compostos que podem causar reações alérgicas. Uma grande diversidade de OGM’s contêm proteínas cujo potencial alergénico não foi ainda testado e para comprovação foram feitos estudos em ratos alimentados com batatas geneticamente modificadas, observando-se que o sistema imunitário dos animais fica debilitado.
No que toca ao ramo da agricultura, o uso de OGM’s resistentes a herbicidas pode incentivar o uso de doses elevadas desses mesmos produtos, agravando ainda mais o problema da poluição de aquíferos e causando problemas de saúde ao ser humano, como por exemplo diversas formas de cancro. Mesmo que reduzido, também há o risco de ocorrer transferências de genes que conferem resistência a pesticidas, herbicidas ou antibióticos para outras espécies que devido a isso ganham resistência a essas mesmas substâncias. Por fim, também podem tornar-se pragas e afetar a dinâmica dos ecossistemas, ainda que seja difícil de avaliar esta situação em laboratório.
Quanto ao ambiente existe logo de início o problema de não ser possível separar totalmente as culturas transgénicas das restantes e também a possível inexistência de predadores naturais para alguns dos OGM’s, o que pode fazer com que aumente a sua competitividade, facilitando a sua expansão e colocando em risco a biodiversidade. As folhas das plantas Bt também podem alterar a composição biológica do solo, o que poderá provocar um desequilíbrio biológico com repercussões nos ciclos biogeoquímicos e, por último, o problema das toxinas produzidas pelo milho Bt, que podem afetar outros insetos que não sejam pragas importantes, mas que possam ser muito sensíveis à toxina produzida.
Em conclusão, podemos afirmar que a utilizção dos OGM’s, na produção de alimentos tem vantagens significativas, no entanto também tem grandes prejuízos se a técnica não for realizada com os devidos cuidados e controlo visto ser um ramo com muita coisa ainda por explorar.
Bibliografia
RIBEIRO, Elsa; SILVA, João Carlos; OLIVEIRA, Óscar. BioDesafios. Lisboa: ASA, 2015.
Webografia
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