Poluição dos rios diminuiu, mas qualidade da água é inferior à desejada

Nas últimas décadas, em Portugal, verificou-se uma melhoria qualitativa da qualidade da água dos rios, porém esta não satisfaz os políticos e ativistas.

Água do Rio Tejo coberta por um manto de espuma branca na região de Abrantes ꞁ Arlindo Consolado Marques – RTP

A água é uma substância, encontrada no nosso planeta, com propriedades únicas, destacando-se a sua capacidade de se encontrar nos três estados físicos na natureza, o seu pH neutro e de apresentar uma molécula polar, permitindo a ligação com outras substâncias polares e conferindo-lhe o seu grande poder solvente.

Em Portugal, a água é utilizada diariamente em numerosas quantidades nos diversos setores de atividade, destacando-se o setor agrícola, o abastecimento urbano e o setor industrial, sendo este último o principal ponto de contaminação e poluição das águas.

A água doce existe em reduzidas quantidades no mundo, centrando as suas maiores reservas em cinco países, encontrando-se o Brasil no topo desta lista. No nosso país, a água doce é escassa, encontrando-se, principalmente, na precipitação, na escoa superficial através dos rios, nos lençóis subterrâneos e na que está armazenada nas albufeiras.

Apenas 2,5% de toda a água existente na Terra é doce. A maior parte desta (1,8%), está retida sob a forma de gelo, não estando disponível para uso humano. 

A qualidade da água na Europa melhorou comparativamente ao resto do mundo, nas últimas décadas, segundo um relatório da Agência Europeia do Meio Ambiente (AEMA), publicado no ano de 2018 e no qual Portugal também participou. Este relatório revela que os estados membros da União Europeia (UE) fizeram “esforços notáveis” na melhoria da qualidade da água, otimizando o tratamento das águas residuais e reduzindo a contaminação pela agricultura.

Não obstante, a organização ambientalista WWF (Wold Wide Fund for Nature) lamentou que Portugal continue a “ignorar leis que asseguram a qualidade da água”. Em comunicado oficial, a representante portuguesa da WWF, Ângela Morgado, afirmou que “Portugal é um dos países deficitários na aplicação das leis ambientais e isso reflete-se, por exemplo, na qualidade da água dos rios onde tomamos banho no verão e na água que rega os alimentos que consumimos”.

“O que estamos aqui a referir é que, com base nestas análises efetuadas e na monitorização e acompanhamento efetuados, se confirma que o acumular da carga orgânica nestas localizações do rio, com origem nas indústrias de pasta de papel localizadas a montante, tem um impacto negativo e significativo na qualidade da água no Rio Tejo”, declarou Nuno Lacasta, presidente da APA.

A diminuição dos caudais dos rios, a contaminação por metais pesados e agentes químicos são as atuais preocupações dos especialistas, sendo a bacia hidrográfica do Tejo um dos locais mais alarmantes, pela diminuição das massas de água e a presença de agentes contaminantes provenientes das indústrias. Um episódio marcante decorreu no verão do ano de 2018, devido ao aparecimento de uma densa camada de espuma branca na água do Tejo, na zona de Abrantes. Análises químicas posteriores à água e à espuma, realizadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), concluíram que a contaminação foi proveniente de descargas da indústria da pasta de papel.

Por conseguinte, o governo português aplicou uma quantia de 800 mil euros para a limpeza deste rio, a fim de preservar este “ecossistema estratégico do ponto de vista ambiental e que constitui um recurso socioeconómico determinante para a vivência de cerca de três milhões de habitantes”, lê-se no comunicado do Conselho de Ministros que o aprovou em maio do corrente ano.

Existe uma vasta quantidade de soluções sustentáveis para este problema. Salientando-se uma melhoria e uma maior vigilância a nível político das empresas e indústrias relacionadas com este setor e também uma consciencialização e educação a nível populacional, para que exista uma maior preocupação relativamente a esta substância finita de enorme relevância no nosso planeta tanto a nível biológico como vital.

 

Os dados, estatísticas e declarações apresentados tiveram como fontes:

https://www.rtp.pt/noticias/ambiente/analises-situam-origem-da-poluicao-do-tejo-na-industria-da-pasta-de-papel_n1055436

https://www.jn.pt/nacional/interior/agua-portuguesa-e-das-melhores-da-europa-mas-nao-chega-9542536.html

https://rr.sapo.pt/noticia/149959/governo-aplica-800-mil-euros-para-limpar-o-tejo

https://conselhonacionaldaagua.weebly.com/aacutegua-em-portugal.html

Joana Viegas, Ricardo Lima, Rita Cardoso, Sofia Ferreira – ESFV