Ao percorrer as ruas das nossas povoações, vamos assistindo à morte lenta das palmeiras que ao longo de anos embelezavam os jardins fronteiriços das casas e praças, orgulhando os seus proprietários e que agora não sabem como resolver o problema.
As palmeiras não são autóctones, são uma planta exótica, e muito menos o besouro que as está a dizimar.
A palmeira mais atacada é a palmeira das canárias (Phoenix canariensis) e o seu assassino é um besouro conhecido por escaravelho-vermelho (Rhynchophorus ferrugineus).
A palmeira é originária das ilhas Canárias e adaptou-se muito bem ao nosso clima, encontrando-se muito espalhada por todo o país e pelo mundo, onde embeleza espaços públicos e privados. Faz lembrar um certo estilo colonial da época dos brasileiros do século XIX.
O escaravelho vermelho é um inseto, originário da Ásia tropical que começou a expandir-se para a Europa e para a África atingindo o Mediterrâneo em 1980. Tem uma grande capacidade de mobilidade, pois pode voar até 10 Km.
Mede entre dois a cinco centímetros de comprimento, a cor dele é um vermelho-ferrugem. As suas larvas conseguem fazer buracos de um metro de comprimento no caule das palmeiras, o que provoca a sua morte.
Detetar a sua presença no início da infestação é muito difícil, pois os adultos, ao fim de algum tempo, abandonam a palmeira e vão contaminar outras. Assim, mostra-se muito complicado o seu controlo, pois quando se percebe o ataque, começa a ser é tarde e é necessário agir rapidamente para tentar salvar a palmeira.
Os primeiros casos de contaminação no nosso país foram detetados em setembro de 2007, no Algarve. E espalhou-se muito depressa por todo o sul, chegando ao litoral norte, em 2011. Estando atualmente espalhado por quase todo o lado. Sendo este o caso da nossa região, onde ultimamente se veem muitas palmeiras infetadas, ficando os proprietários à espera de verem as suas serem a próxima vítima. Mas, enquanto esperam, há cuidados que podem tomar que dificultam o ataque.
Ciclo de vida do escaravelho vermelho
Normalmente infeta palmeiras mais jovens, por serem mais tenras, no entanto, as plantas adultas também não lhes escapam. O adulto só se alimenta das folhas tenras, no entanto a larva, ao escavar túneis pelo caule da palmeira, provoca a morte da planta. A fêmea adulta põe mais de 300 ovos nas zonas de crescimento da palmeira, na base das folhas novas ou noutras zonas lesionadas da planta, principalmente se a planta for podada muito rente e fora da época de poda (inverno). O ovo incuba numa larva esbranquiçada que se alimenta de fibras tenras e rebentos de folhas, escavando túneis pelo interior da árvore durante cerca de um mês. Na metamorfose, a larva deixa a árvore e forma um casulo, feito com as fibras secas das folhas, na base da palmeira. Em menos de 10 semanas o ciclo vai completa-se, chegando ao seu estado adulto. Numa palmeira, podemos encontrar cerca de 1000 insetos.
Larva Casulo Pupa Escaravelho adulto
Fonte das imagens: https://pt.wikipedia.org/wiki/Escaravelho-vermelho
O que fazer?
Se suspeitar de uma infestação, deve informar a câmara municipal ou a Direção Regional de Agricultura, para que avaliem a possibilidade de recuperação. Esta comunicação é obrigatória. Se a praga for detetada na fase inicial, aplicam-se produtos químicos ou biológicos e fazem-se podas sanitárias, eliminando todas as folhas “comidas” pelas larvas e limpando a parte da palmeira afetada até chegar aos tecidos sãos.
Uma vez que o escaravelho prefere pôr os ovos nos tecidos mais tenros da palmeira, evitar a existência de cortes, dado que também pode entra pelos orifícios das palmas (folhas) cortadas desde o chão até ao cume.
Efetuar a poda entre novembro e fevereiro, quando o inseto está menos ativo, retirando só as folhas secas e evitando podas muito rentes, que embora deem um aspeto mais cuidado, só facilitam a sua entrada.
Se quiser fazer esta intervenção, limitá-la à zona das folhas totalmente secas.
Os resíduos devem ser destruídos por trituração, queima ou enterramento no local, para reduzir a possibilidade de deslocação do escaravelho. Pois, como alertou Carlos Gabirro a Marisa Soares, do jornal Público, em 9 de fevereiro de 2014: “Tenho visto pessoas a porem os restos das palmeiras à porta de casa e é um erro muito grande. Os restos libertam odor, que chama mais insetos, e depois são recolhidos pelos camiões dos serviços camarários. No caminho, a praga espalha-se”. Assim, se não conseguir proceder desta forma, chame uma empresa que o possa fazer com segurança e sem riscos de contaminação de outra zona.
Juliana Filipa Costa Azevedo, 8.º C
EB de Moure e Ribeira do Neiva
You must be logged in to post a comment.