Nos campos de Elvas foram plantadas umas das primeiras colheitas de milho bt e em 2006 foi visitada uma das propriedades de José Maria Rasquilha, um dos maiores produtores deste transgénico, onde foi possível verificar a boa qualidade deste, assim como a ausência total da broca – larvas das espécies Sesamia nonagrioides e Ostrinia nubilalis -, uma praga que pode destruir em 20 a 60 por cento a cultura convencional. Numa entrevista ao agricultor, foram referidas várias vantagens na produção deste, tais como: aumento da qualidade do produto, garantia de máxima produtividade, redução do uso de pesticidas, redução de custos de produção, redução de impactos ambientais e benefícios financeiros para os agricultores.
No entanto, nem todos parecem ter a mesma opinião acerca do milho bt, apesar de ser consensual que as variedades transgénicas permitem mais ganhos de produtividade, a segurança alimentar e ambiental continua a gerar polémica. Em Portugal, pouco se tem falado ou escrito sobre o assunto e não existe um verdadeiro movimento que discuta o potencial perigo deste tipo de alimentos para a saúde humana e ambiental. Ainda assim, os derivados do milho são utilizados em centenas de produtos existentes nas prateleiras dos supermercados e o milho bt destaca-se na produção de rações para gado.
A natureza não é perfeita e, por isso, existe uma filosofia subjacente à manipulação da genética, de que a ciência pode substituir o seu papel, com resultados positivos, tais como melhores colheitas, controlo da fome no Mundo e ter espécies vegetais resistentes a pragas.
Deverão os OGMs ser proibidos?
Em Janeiro de 2016, foi realizado um debate no parlamento, onde foram revistas questões de saúde e ambientais relativamente aos OGMs. Neste foram debatidos quatro projetos de lei para proibir o cultivo destes organismos, da autoria do PCP, BE, Verdes e PAN. Os argumentos a favor do desaparecimento dos OGM da agricultura portuguesa foram comuns aos quatro partidos, sendo que estão relacionados com o facto de existir uma ‘’incerteza cientifica’’ acerca dos seus efeitos. Na verdade, foram referidos assuntos como a utilização de fortes pesticidas, que podem afetar insetos polinizadores, como as abelhas, essenciais para o ecossistema e ainda o facto de só ser possível proteger a diversidade, a pureza das sementes, os solos e o ordenamento do território urbano e rural, isto é a identidade cultural do país, através da proibição dos OGMs.
Os transgênicos são tão saudáveis quanto os outros alimentos?
Recentemente, em Maio de 2016, foram revelados estudos realizados pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, a qual afirmou que os alimentos geneticamente modificados (OGMs) não têm efeitos negativos para a saúde, ambiente ou agricultura. Em relação á saúde a academia defende que ‘’Os dados disponíveis não mostram associações entre os alimentos geneticamente alterados e doenças ou distúrbios crónicos, pelo que “os estudos que foram feitos em animais e na composição química de culturas geneticamente alteradas não mostram diferenças entre os alimentos transgénicos e os convencionais”. Quanto ao ambiente, não foram encontradas provas de que o cultivo de transgénicos possa afetar as espécies selvagens ou que tenham um impacto negativo sobre o ambiente e estes alimentos podem ser importantes para criar culturas resistentes às alterações climáticas e a pragas. Por fim, no que diz respeito á agricultura foi referido que em 19 países, os produtores de milho aumentaram os seus lucros em cerca de 70%, resultado do aumento da produtividade e da diminuição dos custos com pesticidas.
Assim, estas conclusões confirmam mais uma vez que o que tem vindo a ser debatido ao longo de vinte anos. Estes produtos foram e têm sido rigorosamente testados e analisados pela comunidade científica e pelas autoridades internacionais. A verdade é que a agricultura, os agricultores e a sociedade em geral têm benefícios na utilização destes produtos biotecnológicos. Não existe, por enquanto, razões para rejeitar os OGMs, uma vez que o estudo confirma que existem ervas daninhas que desenvolveram resistência ao glifosato, o polêmico herbicida utilizado nestes cultivos, assim como confirma que o uso de transgênicos não demostra reduzir a diversidade nem vegetal nem de insetos e às vezes pode até aumentá-la.
Bibliografia:
http://observador.pt/2016/01/20/projetos-lei-proibir-cultivo-ogm-portugal-debate-no-parlamento/
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