Práticas sustentáveis no Mercado Abastecedor da Região de Faro (MARF) e sua ligação com o Banco Alimentar

No nosso dia a dia todos nós nos confrontamos com pessoas a passarem fome por carência económica. Não nos podemos esquecer que muitas famílias vivem em condições realmente precárias, com rendimentos muito baixos, que só por si não garantem o sustento de um agregado familiar, muitas vezes numeroso. São estas famílias que recorrem inúmeras vezes a ajudas para satisfazer a sua necessidade mais básica que é a alimentação. Os responsáveis por empresas alimentares, quer ao nível da distribuição, quer da venda têm por isso a responsabilidade de evitar os desperdícios de produtos alimentares (muitas vezes apenas por simplesmente não corresponderem a padrões estéticos), canalizando-os para estruturas que os poderão fazer chegar às famílias carenciadas. Perante esta situação, o nosso grupo de trabalho, no âmbito da Educação para a Cidadania, nas disciplinas de Biologia e Geologia e Física e Química, mostrou-se preocupado e empenhado em investigar como ocorre a gestão dos diversos tipos resíduos, incluindo os produtos alimentares que não satisfazem os parâmetros para a comercialização, no Mercado Abastecedor da Região de Faro(MARF). Trata-se de um centro onde se realiza a maior parte da distribuição alimentar no Algarve pertencente a SIMAB (Sociedade Instaladora dos Mercados Abastecedores).

Desta forma, preparámos um conjunto de questões que compõem uma entrevista realizada a alguns colaboradores da MARF.

– Como funciona o mercado abastecedor?

+ O mercado funciona à base de agricultores que vêm trazer os seus produtos para vender aos comerciantes em geral. Produtos estes que, muitas vezes, não são da nossa zona de produção, provenientes de outras regiões do país e mesmo do estrangeiro.

– Que tipo de resíduos são normalmente produzidos?

+ Plástico, caixas de cartão, caixas de madeira.

–   qual o volume de resíduos?

+  por semana umas quantas toneladas de resíduos.

– E esses resíduos que são produzidos semanalmente são reciclados ou são deitados fora?

+ o MARF tem uma estrutura própria que dá encaminhamento aos produtos para serem reciclados.

– em que altura do ano são produzidos mais resíduos orgânicos?

+ no verão, que é a altura de maior movimento.

– acha que deveria haver algum melhoramento em algum aspeto aqui na MARF?

+ O processo de encaminhamento dos resíduos funciona bem, normalmente ao fim da noite, passado algum tempo do mercado terminar, após 2 ou 3 horas, já não se vê vestígios de resíduos.

– há alguma solução para reduzir esses resíduos?

+ esses resíduos têm de ser mesmo produzidos naturalmente.

– também há resíduos orgánicos?

+ Sim, há certos artigos que já estão em estado de maturação mais avançado e que por isso não são comercializados. sendo encaminhados para o Banco Alimentar.

Prosseguimos então com as nossas pesquisas e confirmámos que:

“Durante 2016, os mercados abastecedores de Lisboa (MARL), Braga (MARB), Évora (MARÉ) e Faro (MARF) proporcionaram ao Banco Alimentar Contra a Fome a recolha de perto de 2.300 toneladas de alimentos. Estes quatro mercados, empresas ¡do grupo Simab (Sociedade Instaladora dos Mercados Abastecedores), têm parcerias estabelecidas com o Banco Alimentar respetivo da sua região. -Frutas Legumes e Flores (http://www.flfrevista.pt/2017/06/banco-alimentar-com-apoio-de-mercados-do-grupo-simab/)

Os Bancos Alimentares são Instituições Particulares de Solidariedade Social que lutam contra o desperdício de produtos alimentares, encaminhando-os para a distribuição gratuita às pessoas carenciadas.

Para os agricultores, como para os industriais ou para os distribuidores, a finalidade da sua ação económica, é conseguir colocar os produtos, na mesa do consumidor. Esse objetivo falha quando o circuito é interrompido, antes de ter sido concretizado. O papel do Banco Alimentar é pois, o de fazer chegar esses produtos, que se destinam à alimentação, a pessoas que se encontram total ou parcialmente, afastadas do acesso ao consumo, por falta de recursos financeiros.

As instituições externas podem contribuir para o Banco Alimentar, mas a sua participação não deve ser financeira; deve revestir outras formas como a participação de pessoas na vida diária do Banco, a cedência de viaturas para as campanhas, etc.

Foi assim, que terminámos o nosso trabalho, constatando com imensa satisfação, que em Portugal, estão   criados alguns mecanismos que permitem evitar o desperdício de alimentos, constituindo-se desta forma, redes de solidariedade para com as famílias mais carenciadas da nossa região e do nosso país.

António Freire, Amanda Rojas, Denis Andrey, Suleimy Palau