Ana Pêgo e Nuno Sá: Ana coleciona e reutiliza o lixo que encontra nas praias; Nuno é fotógrafo e cameraman aquático. E têm algo em comum: o respeito pelo mar. O primeiro, com uma perspetiva de quem conhece o mundo subaquático como ninguém, ou não fosse ele um dos mais conceituados fotógrafos subaquáticos que, tendo iniciado o seu caminho no direito, rapidamente trocou o tribunal pelo interior dos mares portugueses. Do outro lado, Ana, com uma perspetiva de quem sempre se sentiu bem a observar o mar e a conhecer todos os tesouros que este traz(ia) para a praia. Afinal, foi este hábito pouco comum, herdado de uma família muito ligada ao ambiente e apaixonada pelo mar, que deu origem à descoberta de uma nova espécie que denominou como Plasticus Maritimus (e que engloba todos os plásticos que, por uma ou outra razão, foram encontrados no mar). Desde pequena, conta que brincava na Praia das Avencas, em Cascais, onde “procurava, constantemente, descobrir mais acerca do mar e das espécies que lá vivem” …
Frequentemente, recolhe lixo da praia – “é o meu escape” -, e identifica cada objeto como um tesouro, algo que tem uma história para contar. E é precisamente entre as histórias que vai contando que pequenas coisas facilmente exequíveis no quotidiano podem contribuir para não colocar Plasticus Maritimus em vias de extinção: evitar os descartáveis de todos os tipos, até porque “temos que perder este hábito de usar e deitar fora”, comprar a granel e reduzir o uso de embalagens, reciclar, entre tantas outras coisas… São estas e outras dicas que podemos encontrar no livro que lançou com a editora Planeta Tangerina, um livro infantojuvenil que apaixonou pessoas de todas as idades. “Acho que está bonito e cumpriu o nosso objetivo, de dar informações reais, com números reais. A mensagem foi bem passada e está acessível a todos”. Até porque, como a própria afirma “Isto é, acima de tudo, o meu projeto de vida, a minha missão!”.
Nuno é fotógrafo subaquático há 10 anos, e nos últimos 5 tem também trabalhado como cameraman aquático. E deixa bem claro: “Somos privilegiados por viver num país com este património aquático”. Talvez isto explique o facto deste fotógrafo, assumidamente, profissional desde 2004, ver o resultado do seu trabalho espalhado pelo mundo inteiro, seja através de colaboração com revistas como a National Geographic Portugal, ou ainda outras de âmbito internacional, de que é exemplo a Scuba Diving Magazine. No que ao facto de não haver um investimento considerável nesta área de produção cinematográfica diz respeito, Nuno é assertivo: “É a típica pescadinha de rabo na boca: não há interesse do público porque este não está habituado a que se verifique uma oferta deste tipo de produção; por outro lado os conteúdos não aparecem porque não há mercado, o que é consequência direta do facto de não haver uma procura da parte do público”.
O fotógrafo português, especializado em vida marinha selvagem, soma vários prémios: referir, a título de exemplo, o facto de em 2011 ter-se sagrado vencedor na principal categoria mundial de fotografia subaquática, o Epson World Shootout, com uma imagem de um tubarão azul ao largo da Ilha do Faial. Já no decorrer deste ano de 2019, Nuno Sá destaca uma série televisiva cujo principal intuito é divulgar a vida marinha de Portugal, com a Ria Formosa como um dos cenários escolhidos para a narrativa. “A série chama-se Mar: A Última Fronteira, num total de 6 episódios, e que vai cobrir Portugal inteiro”. Para ver no canal 1 da RTP em meados de abril. O que é certo é que seja dentro de água, ou fora dela, Ana e Nuno vão continuar a proteger e partilhar aquilo que o património subaquático tem de melhor.
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