“Que água é esta?” O início de um projeto

No âmbito do Clube Ciência Viva, um grupo de alunos da EBS de Vila Cova realizou uma saída de campo à Ribeira de Enxate para iniciar um projeto de monitorização da qualidade da água. Os estudantes recolheram amostras em diferentes pontos e analisaram parâmetros físico-químicos e a biodiversidade da ribeira.

Um grupo de alunos da Escola Básica e Secundária (EBS) de Vila Cova, no âmbito do Clube Ciência Viva, realizou uma saída de campo à Ribeira de Enxate com o intuito de monitorizar a qualidade da água. Esta ribeira atravessa a freguesia de Vila Cova e tem a sua nascente no monte de S. Gonçalo, a maior elevação do concelho de Barcelos. Ao longo do seu percurso, oferece um ambiente natural com lagoas e cascatas.

A Ribeira de Enxate é maioritariamente ladeada por explorações agrícolas minifundiárias, típicas da região do Minho. Os alunos da EBS de Vila Cova recolheram água em dois dias e em três locais distintos: um próximo da nascente e dois na periferia da escola sede do agrupamento, para avaliação de parâmetros físico-químicos como temperatura, transparência, pH e cheiro.

A temperatura foi semelhante nos três locais de recolha, assim como a transparência e o cheiro (inodoro). No entanto, o pH revelou que a água era praticamente neutra no local próximo da nascente (pH 6,6), mas consideravelmente ácida (pH 4,3) nos outros dois locais de estudo.

Para além desses parâmetros, os alunos observaram atentamente o ambiente envolvente da ribeira, procurando analisar a biodiversidade relativa à fauna e flora. Para auxiliar na identificação das espécies indicadoras da qualidade da água, especialmente os macroinvertebrados, contaram com a orientação do professor José Silva, docente de Biologia.

Ninfa de libélula, bioindicador da qualidade da água. Fotografia de Mariana Jardim

O professor José  Silva orientou o grupo sobre os procedimentos adequados para a recolha dos macroinvertebrados, indicando os locais no leito da ribeira onde a probabilidade de encontrar essas espécies era maior. Seguindo essas orientações, os alunos capturaram a microfauna, fotografaram e identificaram-na, com a colaboração do professor e recorrendo às tabelas “indicadores do estado de saúde do rio”.

Durante a pesquisa, foram encontradas algumas espécimes, como ninfas de libélula, girinos, alfaiates e coleópteros. Relativamente à flora, nos leitos da ribeira encontraram-se algumas espécies de briófitas e pteridófitas, incluindo o feto comum e o feto de água.

Após a análise das tabelas “indicadores do estado de saúde do rio”, José Silva concluiu que “que a presença de ninfas de libélula, bem como de briófitas da espécie Sphagnum auriculatum e Polytrichum commune, é indicativa de uma boa qualidade da água na Ribeira de Enxate”.

Com base nos parâmetros físicos da água, é possível deduzir que os valores mais baixos de pH encontrados, podem  dever-se ao uso excessivo de fertilizantes nas propriedades agrícolas circundantes. Essa prática agrícola pode contribuir para a acidificação da água, afetando o seu pH.

A iniciativa dos alunos da EBS de Vila Cova, em colaboração com o professor José Silva, representa um passo importante na monitorização e consciencialização sobre a qualidade da água na região. Ao observarem a biodiversidade e analisarem os parâmetros físico-químicos, os estudantes estão a contribuir para uma melhor compreensão da saúde do ecossistema aquático da Ribeira de Enxate.

Estas aulas de campo procuram a sensibilização para a importância da conservação dos recursos naturais e o seu conhecimento científico. A educação ambiental desempenha um papel fundamental na formação de uma consciência ecológica entre os jovens, preparando-os para enfrentar os desafios ambientais futuros.

O coordenador do Clube Ciência Viva da EBS de Vila Cova, António Miranda refere que , “ no âmbito do clube se continuará a desenvolver projetos e iniciativas que promovam a consciência ambiental e envolvam ativamente os estudantes na proteção dos recursos naturais”. A monitorização da qualidade da água é apenas uma das várias etapas necessárias para preservar e garantir um ambiente saudável para as gerações futuras.

Amadeu Ferreira Figueiredo, Ana Beatriz Dantas Silva, Juliana Pereira Sá, Mariana Matos Jardim