Durante muitos anos não existiu um nome específico para o Rio Real, sendo-lhe designado o nome da povoação por onde corria. Só mais tarde lhe foi atribuído o nome como hoje o conhecemos.
O Rio Real situa-se numa região de clima temperado mediterrânico.
A vila do Bombarral situa-se numa planície de aluvião bastante fértil, orlada de outeiros pouco elevados, na margem esquerda do rio Real e a uma altitude de 50 metros.
A lagoa de Óbidos, local onde desagua, faz fronteira com o concelho de Óbidos e das Caldas da Rainha, sendo o sistema lagunar mais extenso da costa portuguesa. Aqui, para além do rio Real, também aflui os rios Borraça, da Cal e Arnóia.
Correndo de sul para norte é um rio com águas abundantes no inverno, onde ocorrem, por vezes, grandes cheias, ainda que no verão o seu caudal diminua.
Em 1965/66 o Bombarral ficou isolado devido a cheias, o que levou à regularização do seu curso e o seu desassoreamento para que não voltasse a causar tais prejuízos. Devido às inundações das linhas férreas, foi alterada a trajetória do seu troço.
Para a reconstrução da Câmara Municipal do Bombarral e da igreja Paroquial do Santíssimo Salvador do Mundo foram extraídos inertes do rio. Esta ação, de certa forma, alterou as correntes e o equilíbrio do rio, assim como a estabilidade de obras de engenharia. A nível dos ecossistemas, algumas alterações poderão ter sido irreversíveis tal como a redução da fertilidade e número de algumas espécies de peixes.
A ponte construída em 1908 foi substituída pela atual que se encontra à saída norte do Bombarral.
As suas margens são cultiváveis contendo essencialmente plantações de pera rocha e várias estirpes de vinhas. A sua fauna é caracterizada pela existência de algumas enguias, ruivacos, rãs e patos bravos.
No início do seculo XIX era normal tomar banho na adufa, passear, pescar e brincar nas suas margens. Para além disto, o Sport Clube Escolar Bombarralense tinha uma secção fluvial que organizava provas e festejos desportivos.
Durante muitos anos, pecuárias, adegas, destiladoras, fábricas e populações recorreram ao rio como saneamento. Os poluentes concentraram-se deteriorando as águas fluviais, modificando o seu meio biológico e inutilizando a água para fins de abastecimento.
Para o preservar foram construídas redes de esgotos e uma ETAR adjacente.
Como o curso de água tem uma diminuta profundidade na maioria do ano, torna-se pouco rentável a produção de energia hidráulica. Contudo já foram utilizados moinhos de água para a produção de cereais.
Foi criada uma associação de defesa do Rio Real, chamada Real 21, tendo como objetivo “fazer reviver a importância do rio real como um traço cultural e ambiental dos que ali habitam ou visitam, promovendo um desenvolvimento sustentado nas áreas que o rodeiam. Começando pela nossa memória”.
Esta coletividade tem um site, http://www.real21.org, e já foram publicados diversos livros, como A Bacia do Rio Real Estudos Históricos.
Neste momento não atividades ou aproveitamentos notórios do rio. Para que este volte a ser considerado por todos de vital importância nos concelhos por onde passa e se conservem o património natural e construído, propõem-se a recriação de atividade lúdicas e históricas, como passeios pedestres e de BTT, divulgação do papel do rio e vantagens da sua conservação através de: limpeza, eliminação de práticas de queimas, enriquecimento da mata nativa, como também evitar a construção de fossas séticas e a construção no leito de cheia.
Referências bibliográficas:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lagoa_de_%C3%93bidos
http://www.obidos.pt/CustomPages/ShowPage.aspx?pageid=fec40e31-ae6e-4dcb-ba88-144739e7961e
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bombarral
SILVA, Carlos Guardado. A Bacia do Rio Real Estudos Históricos
MATOS, Luís. Páginas das Recordações
MATOS, Luís; MARTINS, Leonel. Bombarral de Outros Tempos… . Notícias do Bombarral, 15/04/1996.
SÁ, Anabela. Secção Fluvial (SCEB).
Fotografias entre 1912 e 1936 cedidas por Luís de Matos
Fotografias recentes de Beatriz Mendes e Carolina Lourenço
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