Rio Tinto que está turvo

Como muita gente sabe, o Rio Tinto está extremamente poluído e a pergunta é: o que está a ser feito para combater este fenómeno? A Câmara Municipal de Gondomar está a tentar diminuir os níveis de contaminação deste rio, através de um investimento de mais de 9 milhões de euros.

Rio Tinto

Causas da poluição do rio

É evidente a poluição extrema do Rio Tinto, comprovada pelo estudo de Estratégia de Valorização Ambiental e Paisagística do Vale do Rio Tinto nos Concelhos do Porto, Gondomar e Valongo, elaborado pela WS ATKINS. Mas quais as suas causas? Uma queixa do Movimento de Defesa do Rio Tinto (MDRT) levou o autarca Marco Martins a explicar que a ETAR sempre descarregou os efluentes tratados no leito do Rio que, apesar de alegadamente cumprirem os critérios que a lei impõe, davam mau aspeto à massa de água, mas que estavam a tentar contornar isso. Outra fonte de poluição é o emissário existente. Este está obsoleto e, quando chove, o leito do Rio sobe e a linha de água do rio entra em contacto direto com o esgoto por tratar, sendo necessária a separação com estações elevatórias e o seu tratamento. O facto do rio ter sido canalizado inicialmente, apesar de com o objetivo de prolongamento da Quinta das freiras e construção das Piscinas Municipais de Rio Tinto, também contribuiu para esta contaminação, pois as obras de Linha de Gondomar obrigaram a um entubamento do Rio Tinto em mais de 30 a 40 metros,  como fomos informados através do email que nos foi enviado pela Divisão do Desenvolvimento Ambiental da Câmara de Gondomar. Apesar da bacia hidrográfica do Rio Tinto ter praticamente 100% de cobertura da rede de abastecimento e saneamento, o município de Gondomar e concessionária continuam a apostar na identificação dos pontos críticos, na sua grande maioria, denotaram-se problemas relacionados com “prédios não ligados” em zonas com grandes carências económicas (apesar dos diferentes apoios já existentes para os Munícipes efetuarem as ligações ao saneamento). O mau uso da rede de águas pluviais e das sanitas (depósito de resíduos que causam entupimentos, ex. toalhitas, fraldas e pensos higiénicos) pelo cidadãos, é outro problema que ainda acarreta com periodicidade situações de contaminação do meio hídrico.

Medidas a ser tomadas para contornar a poluição

A Junta de Freguesia de Rio Tinto, em conjunto com a Câmara Municipal de Gondomar e outras entidades, nomeadamente a Lipor, está a construir passadiços de cerca de 6 km, que servem como área de lazer, fazendo as pessoas começar a falar mais dos aspetos positivos dê-se afluente do Rio Douro com 12 km. Com este investimento de cerca de 9,7 milhões de euros, ainda pretendem instalar um interceptor, canalização que desvia as águas do saneamento predial até uma ETAR, onde serão tratadas e limpas antes de irem para os Rios ( obra financiada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos -POSEUR), executores (tubagem que leva as águas residuais desde a rede de drenagem ou instalação de tratamento de águas residuais até ao ponto de rejeição, localizado no mar, sendo normal ou submarino), para a entrega dos efluentes tratados no Rio Douro junto às Pontes do Freixo, que vão unir descargas das ETARs de Rio Tinto e Freixo. Também pretendem substituir o emissário, impedindo assim a transferência de Resíduos para o Rio,  tendo vindo a intervencionar a Estação Elevatória da Maia que pontualmente contribuía para a degradação da qualidade da água da ribeira da Granja que desaguava no Rio Tinto, junto à Lipor. Já esta empresa está a proceder a um trabalho de identificação e eliminação das fontes poluentes, à monitorização da água para ver quais as obras necessárias e ao trabalho de regeneração do Rio. As obras de reabilitação e beneficiação das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Rio Tinto, estão concluídas. Um investimento global de 4 milhões de euros, que visou aumentar a capacidade das estações de tratamento, assegurando assim um aumento do nível de cobertura do sistema, com reflexos evidentes na fiabilidade, qualidade e desempenho operacional de todo o sistema de tratamento com vista ao cumprimento dos parâmetros legais de descarga no meio hídrico.

É claro que estas medidas não vai ser capazes de resolver todos os problemas, como admite José Fernando Moreira, pois ainda há ligações ilegais ao Rio e caixas de águas residuais no leito do Rio. Estas medidas já levaram ao aparecimento de espécies como patos, salamandras e tritões no rio, mostrando uma progressão que beneficiará cerca de 235 mil habitantes.

Ações individuais que podemos tomar para contribuir para esta despoluição

Apesar do MDRT (Movimento era Defesa do Rio Tinto) afirmar que este “forte fenómeno de contaminação mesmo no centro do rio, não tem a ver com situações individuais e não é pontual”, há medidas por que podemos optar para ajudar este objetivo, como descartar corretamente os óleos de cozinha e produtos de limpeza, não deitar químicos em sanitas, lavatórios e canalizações, pois estes poluentes chegarão ao rio através de esgotos, diminuir o consumo de plástico e outros materiais descartáveis que acabarão na água, reciclar, não atirar nenhum tipo de poluente para o chão, rios,… entre outras medidas. Para conseguirmos despoluir o Rio Tinto também temos de ajudar.

Fontes: email câmara municipal de gondomar, JPN, Lipor, moveriotinto.blogspot.com, junta de freguesia de Rio Tinto

Carolina Corte Real, Guilherme Silva, Rita Ferreira