Riqueza aos nossos pés na Pedra D’Hera

Ao percorrer os trilhos da Rota da "Pedra d'Hera" numa manhã de caminhada,  os visitantes deparam-se com uma rica variedade de cogumelos, criando um verdadeiro "mundo aos seus pés". Esta descoberta não só enriquece a floresta local, mas também desempenha um papel crucial na vida da comunidade no município do Fundão.

Na imensidão da Serra da Gardunha, existe um grupo fascinante de organismos que, por vezes, passa despercebido: os cogumelos. Estes pequenos organismos do reino fungi, desempenham um papel importantíssimo no ecossistema e nas nossas vidas. Importantes de tal forma que os próprios Fundanenses criaram um festival temático em torno destes pequenos e deliciosos fungos.

Na rota da Pedra d’Hera, estes organismos têm a responsabilidade de decompor a matéria orgânica e aumentar a absorção de nutrientes de diversas plantas, estimulando o seu crescimento, desempenhando assim, um papel fundamental para a natureza. Segundo Hugo Gomes, guia profissional da rota, “junto aos castanheiros é possível ver cogumelos”, isto porque, estes fungos formam associações micorrízicas com este tipo de espécies arbóreas.

Ao longo da rota podemos observar uma vasta variedade de espécies de cogumelos, desde os mais saborosos, aos mais venenosos. Esta variedade traz uma grande diversidade na parte gastronómica da zona, abrindo possibilidade de recriar e criar imensos pratos, podendo todos eles ter sabores bastante diferentes. Muitos locais utilizam esta rota para colher cogumelos, um desafio só para os mais experientes, que já são capazes de distinguir cada espécie sem engano.

Existem 523 espécies identificadas no concelho do fundão // Fotografia: Francisca Oliveira

Estes organismos são uma grande fonte de rendimento para a população local, com também relevância na história na evolução destas zonas. “Nos tempos antigos era utilizado um cabrito para detectar se os cogumelos seriam comestíveis através do seu olfato” disse Miguel, um dos guias do trilho.

O guia profissional da rota, Hugo Gomes, destacou mais uma vez a importância destes organismos, especialmente após os incêndios que deflagraram a 25 de agosto, no Fundão, que após tal catástrofe, são os fungos que se encarregam de decompor os troncos queimados, dando assim uma nova vida à terra.

Gomphidius sp. // Fotografia: Francisca Oliveira

Este acontecimento levou à preocupação do município em relação aos incêndios, aderiram a uma melhor gestão da massa florestal e a implementação de um projeto europeu de conservação, em prol de todas as espécies que habitam na Serra da Gardunha, apelando também à preservação dos cogumelos, consequentemente.

Carolina Mira, Guilherme Gonçalves, Tahlia Sadio