Serra da Adiça, um património natural a preservar

No âmbito da disciplina de Conservação da Natureza, os alunos do Curso Profissional de Técnico de Gestão do Ambiente, da Escola Secundária de Serpa, realizaram duas saídas de campo à Serra da Adiça, no dia 5 de dezembro de 2013 e outra no dia 26 de março de 2014, aos cabeços conhecidos na região como Serra da Preguiça e de Ficalho, respetivamente. Os objetivos destes passeios foram compreender as diversas características ecológicas das plantas e a sua interrelação com o meio; entender o coberto vegetal enquanto recurso natural; caracterizar um determinado coberto vegetal sob o ponto de vista ecológico e identificar as principais espécies vegetais arbóreas e arbustivas da nossa região.

A Serra da Adiça é uma elevação de Portugal Continental, com 522 metros de altitude, situada no Baixo Alentejo, na transição entre os concelhos de Moura e Serpa, e constitui uma das raras elevações alentejanas.adiça

Na primeira saída, que decorreu no dia 5 de dezembro de 2013, pudemos observar na sua base a vegetação edafohigrófila das margens da Ribeira de São Pedro, que é alimentada pelo aquífero de Moura- Ficalho, cuja água surge na nascente do Gargalão. Neste local registou-se uma sucessão

regressiva, pois as plantas espontâneas foram cortadas pelo Homem, para dar de beber ao gado. Assim, neste momento existem maioritariamente silvas.

Começámos então a subir a serra. Na segunda paragem estivemos no local onde existiu uma mina a céu aberto, que se chama Vila Ruiva, da qual se extraia zinco. A mina foi abandonada em meados do século XX, pelo que alguma vegetação já se foi instalando, e por isso, pudemos observar uma sucessão secundária progressiva.

Continuámos a nossa subida, e já na encosta observámos uma série de vegetação edafoxerófila, numa etapa sub-serial progressiva, em que um olival abandonado se transforma em matos altos. Identificámos várias das espécies vegetais espontâneas na região, tais como a Aroeira (Pistacia lentiscos), Piorno (Retama sphaerocarpa), Murta (Myrtus communis), e a Roselha (Cistus salvifolius). Outras cistáceas, como a Esteva (Cistus lanadifer), tão
comum na região, ou mesmos sobreiros (Quercus suber), não existem nesta serra dado o caráter calcário dos solos e a natureza calcífuga destas plantas. Vimos montado de azinho (Quercus rotundifolia), bem conservado nalguns casos e noutros já com matos baixos.

No ponto mais alto deste cabeço, visitámos as antigas galerias de uma outra mina abandonada, de nome Preguiça, em que pudemos ver alguns exemplares da colónia de morcegos que aí se instalou.

No dia 26 de março de 2014, subimos a encosta sul da Serra de Ficalho, como é localmente designado o relevo vizinho da aldeia fronteiriça de Vila Verde de Ficalho. O esforço foi grande, pois a inclinação é significativa, mas valeu a pena, pois este cabeço apresenta uma biodiversidade vegetal silvestre muito significativa. A série de vegetação observada foi edafoxerófila, porque o solo do terreno é esquelético, tem um declive acentuado, e as plantas estáo adaptadas à seca e à aridez. Também neste passeio observámos uma sucessão secundária progressiva, pois são áreas de olivais abandonados, que foram sendo invadidos por matos baixos e depois altos. Registámos inúmeras espécies, nomeadamente, Medronheiro (Arbutus unedo), Folhado (Silybum marianum), Carqueja (Baccharis trímera), e Espargos (Asparagus acutifolius), mas a rainha das plantas observadas, pela sua beleza e raridade, foi a Rosa Albardeira (Paeonia broteri).

Para terminar o nosso passeio, e antes de começarmos a nossa descida, subimos ao talefe, de onde pudemos observar a mais bela vista do nosso concelho de Serpa. Espetacular!

ficalho

Autoras: Ana Catarina Arrais e Sara Valente

Alunas do 10º ano do curso profissional de
técnico de gestão do ambiente, da escola secundária de Serpa

 

 

 

Ana Catarina Arrais, Sara Valente